Publicada em 02/12/2022 às 12h07
O presidente eleito Lula (PT) afirmou nesta sexta-feira (2) que a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) não será ministra do futuro governo e que só anunciará a equipe após ser diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Lula deu as declarações ao conceder uma entrevista coletiva no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília, onde funciona o gabinete de transição de governo. Atual presidente do PT, Gleisi acompanhou a entrevista de Lula.
"Eu tive uma discussão com a companheira Gleisi e disse para a companheira Gleisi que, primeiro, o PT é um partido muito grande, o PT é um partido muito importante e o PT é um partido majoritário na montagem da governança dentro do Congresso Nacional", afirmou Lula.
"É muito importante manter o PT se organizando, manter o PT se fortalecendo e tem outras pessoas que podem representá-la dignamente no governo, a começar pelo presidente da República. Então, o fato de eu ter dito para a Gleisi que ela não será ministra é o reconhecimento do papel que a Gleisi tem na organização política do PT no Brasil", acrescentou.
Antes de se dirigir ao CCBB e conceder a entrevista coletiva, Lula recebeu aliados no hotel onde está hospedado em Brasília e se reuniu com o ex-presidente José Sarney (MDB).
Futuro ministério
Ainda na entrevista, Lula informou que só anunciará os ministros após a diplomação no TSE, marcada para 12 de dezembro.
"Eu não escolhi ministro. Estou em um processo de conversa com as forças políticas. Eu já conversei com forças políticas que não me apoiaram durante a campanha, mas que são de partidos que têm importância no Congresso Nacional, seja na Câmara dos Deputados ou no Senado. [...] Depois que eu for diplomado, reconhecido, aí vou começar a escolher meu ministério. Não precisa ninguém ficar angustiado", afirmou.
Lula também disse que a "base" dos ministérios do futuro governo será a mesma de quando ele deixou o mandato, em 2010, acrescentando o Ministério dos Povos Originários.
Durante a entrevista, Lula reafirmou ter compromisso com o crescimento econômico do país, com a retomada do emprego.
Segundo o presidente eleito, o trabalho que a equipe de transição tem feito é "minucioso".
Ao todo, a equipe de transição, coordenada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), foi dividida em 31 grupos técnicos. E os relatórios preliminares começaram a ser apresentados nesta semana.
PEC da Transição
Ainda na entrevista desta sexta-feira, Lula disse estar "convencido" que a Proposta de Emenda à Constituição conhecida como PEC da Transição será aprovada pelo Congresso Nacional.
Entre outros pontos, a PEC prevê que as despesas com o Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa Família) ficarão fora do teto de gastos. O governo eleito argumenta que a medida é necessária para garantir, por exemplo, o pagamento de R$ 600 mensais uma vez que a proposta de Orçamento do governo Jair Bolsonaro garante R$ 400.
"O que me interessa é a PEC que mandamos. Já foi conversada com os presidentes da Câmara, do Senado e várias lideranças. Até agora, não há sinal que pretendem mudar essa PEC. O Brasil precisa dessa PEC. Quem precisa colocar mais recursos é o atual governo, me parece que querem deixar o país a zero para a gente governar. Podem fazer toda a desgraceira que eles quiserem, vamos consertar esse país. Vamos cumprir essa missão", afirmou Lula.
"Queremos a PEC porque precisamos investir em algumas coisas [como] Minha Casa, Minha Vida, colocar dinheiro no SUS. Espero que o Congresso Nacional tenha sensibilidade e possa votar como queremos. Se precisar ter um acordo, sabemos negociar", acrescentou o presidente eleito.
A PEC prevê que o governo poderá estourar o teto de gastos em R$ 198 bilhões no ano que vem, mas economistas alertam que o montante eleva a dívida pública e gera incertezas sobre o futuro da economia e das contas públicas.
Paralelamente à proposta do governo, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresentou uma proposta que eleva o teto de gastos em R$ 80 bilhões no ano que vem. Tasso argumenta que o valor garante os R$ 600 do Auxílio Brasilio e garante a recomposição do Orçamento da União.