Publicada em 14/12/2022 às 08h56
Porto Velho, RO – Derrotado nas eleições de 2022, o senador da República Marcos Rogério, do PL de Jair Bolsonaro, também perdedor no pleito, foi ao Twitter comentar reportagem do G1, da Rede Globo, intitulada:
"Bolsonaristas radicais queimaram 3 carros e 5 ônibus e depredaram delegacia em ato em Brasília".
O membro do congresso nacional anotou:
“É precipitada atribuição de autoria a ‘bolsonaristas radicais’. Há indícios de que os atos de violência tenham sido praticados por radicais da esquerda, infiltrados. Não nos esqueçamos: as manifestações da direita sempre foram pacíficas”.
Além de o representante no Senado Federal não apontar tais “indícios” e muito menos apresentar provas de suas alegações, ele não comentou qualquer ato antidemocrático combatido em Rondônia.
Como, por exemplo, a caminhonete S10 interceptada pela Polícia Militar (PM/RO) em Jaru na madrugada de segunda-feira (12).
No veículo, havia uma bandeira do Brasil no capô do automóvel, e, atrás, adesivos de campanha com os rostos de Jaime Bagattoli (PL), do próprio Marcos Rogério, da mesma legenda, e Jair Bolsonaro, correligionário de ambos.
A ideia, de acordo com as informações apresentadas pelo site Jaru Online, era incendiar dois ônibus da Eucatur, como ocorreu em Ji-Paraná: no último caso, o incêndio criminoso fora confirmado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A despeito do modo de operação semelhante, não há informações sobre ligações entre os autores de ambos os eventuais ilícitos.
A PRF também apresentou diversos informes em sua conta oficial no Instagram falando sobre abordagens a manifestantes extremistas, fazendo prisões e apreendendo armamento, munições e balaclavas.
O órgão chegou a noticiar que “cinco homens e uma mulher foram conduzidos por Atentado contra o Estado Democrático de Direito, resistência, desobediência à decisão judicial, incitação ao crime, atentado contra a segurança dos transportes e associação criminosa”.
E acrescentou:
“O livre direito de manifestação, protegido pela Constituição Federal de 1988 no artigo 5°, traz limites para que seu exercício não gere transtornos desnecessários à sociedade. Uma minoria extremista e criminosa não pode invocar o uso desse direito para, deliberadamente, praticar atos ilícitos e gerar prejuízos de toda sorte ao povo de Rondônia”.
Marcos Rogério também não teceu comentários sobre os atentados terroristas desencadeados contra o site Rondoniaovivo – cuja fachada fora alvejada com quase 20 tiros – , de Porto Velho; nem à rádio comunitária Nova FM, incendiada após posicionamentos contrários ao fechamento das rodovias no País.
Também não fez quaisquer apontamentos a respeito dos casos de despejo de óleo diesel nas BRs rondonienses ou acerca da destruição dos caminhões do empreendimento Irmãos Gonçalves.
Limitou-se, no entanto, a fazer longo discurso no fim de novembro responsabilizando de maneira velada movimentos sociais pela invasão da fazenda Norbrasil.
“Se no plano nacional nós tivermos uma diretriz de apoio a esses bandidos, travestidos de movimentos sociais, é preciso que governadores de estado honrem os mandatos que receberam, aparelhem suas polícias militares, polícia civil, seu aparato de segurança pública para garantir segurança a quem está na cidade, e, sobretudo, também, a quem está no campo”, disse à ocasião.
A respeito do emperramento das vias brasileiras o próprio mandatário da União Jair Bolsonaro gravou vídeo se manifestando de maneira contrária ao atravancamento das ruas rechaçando protestos anticonstitucionais e ressaltando o pleno direito de ir e vir.
O entendimento presidencial é endossado pela PRF rondoniense:
“Decorridos quase 50 dias do início das manifestações, as forças de segurança pública do Estado de Rondônia já atuaram em dezenas de pontos de bloqueio nas rodovias federais em Rondônia”.
A entidade anota que apesar de a interrupção de trânsito ser ilegal e proibida pela Justiça, das dezenas de intervenções pautadas pelo diálogo e das ações com o uso da força de choque e ainda, “da reprovação desse modo de atuação (bloqueio de rodovia) pelo presidente da República em vídeo exibido em redes sociais, uma parcela extremista de pessoas insiste em ações ilícitas”.
Essas ações “vão da interrupção do direito de ir e vir das pessoas evoluindo para diversos crimes, como porte ilegal de arma de fogo, depredação de veículos (incluindo incêndio de caminhões e ônibus), tentativa de obstrução de vias com derramamento de óleo e graxa em regiões de curva para causar acidentes, agressões e outros”.