Publicada em 27/12/2022 às 14h56
Em mais uma operação no mar Mediterrâneo, o navio humanitário "Ocean Viking" resgatou 113 migrantes na noite desta terça-feira (27), em sua primeira ação desde que atracou no porto de Toulon, no sul da França, em novembro, causando um impasse diplomático entre Paris e Roma. O anúncio do resgate foi feito pela ONG francesa SOS Méditerranée, que opera a embarcação. O destino dos migrantes ainda não é conhecido.
Entre os migrantes resgatados numa operação noturna, no norte da África, estão "23 mulheres, algumas das quais grávidas, cerca de trinta menores desacompanhados e três bebês, um deles de apenas três semanas", indicou o SOS Méditerranée, que tem sede em Marselha, no sudeste de França.
Os migrantes foram resgatados durante a noite de segunda (26) para terça-feira, em águas internacionais dependentes da área de busca e salvamento de Malta, acrescentou a entidade.
As pessoas foram encontradas num “barco inflável preto superlotado e na total escuridão”, detalharam os socorristas da SOS Méditerranée.
Elas foram resgatadas e atendidas a bordo do navio humanitário por membros da ONG, bem como da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
Por enquanto, o Ocean Viking "continua a patrulhar" e "ainda é muito cedo" para saber onde poderá desembarcar as pessoas resgatadas, disse à AFP Meryl Sotty, porta-voz da SOS Méditerranée.
Desembarque na França causou polêmica
Em meados de novembro, o Ocean Viking aportou em Toulon, no sudeste da França, com 230 migrantes resgatados entre a Líbia e a Itália, após três semanas navegando em busca de um porto seguro.
O governo francês concordou em receber o barco "em caráter excepcional" depois que a Itália se recusou a abrir suas portas para os migrantes, decisão que causou tensões diplomáticas entre os dois países.
Colocados em uma "área de espera" fechada, a maioria dos sobreviventes foi libertada por ordem judicial, ou porque eram menores desacompanhados, ou porque foram admitidos na França sob regime de asilo.
Quase 2.000 pessoas desaparecidas em 2022
Desde o início do ano, 1.998 migrantes desapareceram no mar Mediterrâneo, incluindo 1.369 no Mediterrâneo central, a rota migratória mais perigosa do mundo, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Todos os anos, milhares de pessoas fogem de conflitos ou da pobreza e tentam chegar à Europa atravessando o Mediterrâneo a partir da Líbia, cuja costa fica a cerca de 300 quilômetros da Itália.