Publicada em 28/12/2022 às 09h49
Enquanto os Estados Unidos esperam o fim da "nevasca do século", que matou pelo menos 53 pessoas em todo o país em pleno período natalino, os relatos de pessoas morrendo em seus carros ou bloqueadas pela tempestade se multiplicam.
O total de mortes confirmadas pelas autoridades em nove estados chegou a 53, sendo 31 no condado de Erie, que inclui a cidade de Buffalo, Nova York, onde o presidente Joe Biden decretou na segunda-feira 'estado de emergência'.
As autoridades temem um número maior de vítimas, à medida que as equipes de socorro avançam pelas áreas afetadas.
O mau tempo que atinge o país há uma semana começou a diminuir nesta quarta-feira no leste e no centro-oeste. "Esta é claramente a nevasca do século", afirmou na segunda-feira a governadora do estado de Nova York, Kathy Hochul.
O serviço meteorológico americano (National Weather Service, NWS) prevê um aumento das temperaturas em torno de 10°C até o fim de semana, mas alerta para "condições de tráfego perigosas".
O frio extremo que atingiu os Estados Unidos foi acompanhado por fortes nevascas e ventos, sobretudo na região dos Grandes Lagos, o que provocou cenas de caos no transporte rodoviário e aéreo e forçou o cancelamento de milhares de voos.
De acordo com o site de rastreamento FlightAware.com, mais de 5.900 voos foram cancelados na terça e quarta-feira.
- Buffalo sob a neve -
Muitos voos são operados pela Southwest Airlines, que cancelou mais de 60% de suas rotas devido a problemas logísticos, o que gerou críticas do Departamento de Transportes, que se declarou "preocupado com a taxa inaceitável de cancelamentos da Southwest".
O CEO da Southwest, Bob Jordan, disse na terça-feira que "lamentava muito" a situação. Ele destacou em um vídeo que "um grande esforço para estabilizar a empresa" estava em curso.
"Estamos nos recuperando de uma das piores nevascas que já vimos, infelizmente com o maior número de mortos que já tivemos", lamentou uma autoridade do condado de Erie, Mark Poloncarz.
Em Buffalo, uma jovem de 22 anos, presa pela neve, morreu em seu carro, segundo sua família. Um vídeo enviado pela vítima e divulgado pela irmã mostra ela abaixando o vidro do veículo durante a nevasca.
Mark Eguliar, morador de Buffalo, contou à AFP que ficou preso no trabalho "por mais de 40 horas".
"Moro em Buffalo desde 1970 (...) e esta é a pior coisa que já vi", comentou Joe Mergl, outro residente desta grande cidade perto da fronteira com o Canadá.
- Socorristas bloqueados -
A vice-prefeita de Buffalo, Crystal Rodriguez-Dabney, disse à CNN na terça-feira que "socorristas saíram para resgatar outras equipes de resgate".
"Foi preciso primeiro ajudar os socorristas para que eles pudessem ir e ajudar a população", explicou.
Em meio ao caos, muitos criticaram a resposta da cidade à nevasca e questionaram se a proibição de dirigir não deveria ter sido decretada antes.
"Havia muita neve, os carros estavam presos e as pessoas ainda tentavam dirigir", lamentou à AFP Chris Ortiz, morador de Buffalo.
Uma funcionária dos serviços de emergência citada pelo Washington Post, que ficou presa em sua ambulância por 14 horas sem comida ou água, disse que "a maioria das ligações (de emergência) vinha de pessoas presas em seus carros".
"A verdade é que essas pessoas em veículos bloqueados não deveriam estar lá", declarou.
A polícia da cidade também anunciou a prisão de oito indivíduos por saques.
"Não são pessoas roubando comida, remédios ou fraldas de bebê", disse o chefe da polícia de Buffalo, Joseph Gramaglia. "Eles destroem lojas, roubam televisões, sofás, tudo o que encontram", acrescentou.