Publicada em 02/12/2022 às 09h12
Doze pessoas foram presas na França, Espanha e Colômbia em uma operação para desmantelar uma rede de lenocínio que explorava pelo menos 50 mulheres latino-americanas em cidades francesas, informou uma fonte policial à AFP nesta sexta-feira (2).
As vítimas, com idades entre 20 e 40 anos, eram "principalmente colombianas e venezuelanas, mas também peruanas e paraguaias", disse à AFP a comissária Elvire Arrighi, chefe do Escritório Central de Repressão ao Tráfico de Pessoas (OCRTEH).
"[As mulheres] eram exploradas de forma absolutamente industrial na França", com até 10 serviços por dia, o que permitiu à rede faturar até 30 milhões de euros (31,3 milhões de dólares) por ano, destacou Arrighi.
A rede, cuja organização era piramidal, era comandada desde a Colômbia por um casal formado por um colombiano e uma venezuelana, que recrutavam as vítimas com falsas promessas de um futuro melhor na Europa e cobravam os benefícios.
A operação resultou na prisão do casal na Colômbia; de mais seis pessoas - quatro homens e duas mulheres - na Espanha; e dois homens e duas mulheres na França, segundo a fonte policial, que confirmou informações da rádio France Inter e do jornal Le Parisien.
Os detidos na França, na cidade de Saint-Louis (nordeste), são de nacionalidade espanhola e colombiana, indicou o jornal, especificando que a operação ocorreu na terça-feira simultaneamente às seis da manhã na França e na Espanha, e à meia-noite na Colômbia.
- "Além dos oceanos" -
O caso começou há dois anos, após uma denúncia apresentada por duas mulheres em Bordeaux (sudoeste), segundo a France Inter. Em setembro de 2021, a Justiça francesa abriu uma investigação por lenocínio, tráfico de pessoas agravado, lavagem de dinheiro em uma gangue organizada e associação de criminosos, disse uma fonte judicial à AFP.
A rede forçou mulheres à prostituição em toda a França: da costa atlântica ocidental (Roche-sur-Yon, La Rochelle, Mérignac) ao leste de Saint-Louis ou Annemasse, passando por Roubaix no norte ou Plaisir e Bussy-Saint-Georges no região de Paris, segundo o Le Parisien.
Para entrar em contato com as vítimas, seus clientes passavam por "call centers" instalados na Espanha - Málaga e Madri - e na França, ligando para um número de telefone divulgado na Internet.
As mulheres "não tinham qualquer controle sobre o seu horário e tinham que prestar contas por mensagem após cada atendimento", explicou a chefe da OCRTEH. Segundo o jornal, a rede instalou detectores de presença e câmeras para gravar os clientes quando pagavam pelo serviço.
Para que as vítimas se dedicassem "totalmente" aos clientes, outros integrantes da rede cuidavam de sua alimentação, transporte e segurança, explicou Elvire Arrighi.
Os investigadores consideram que a rede arrecadou pelo menos cinco milhões de euros (5,3 milhões de dólares) por ano com a exploração sexual das vítimas, embora as estimativas possam subir até "20 a 30 milhões de euros" (20,8 a 31,3 milhões de dólares).
Para a comissária, o dinheiro que as mulheres recebiam por cada serviço, uma quantia "que dificilmente poderiam ganhar nos seus países de origem", e a necessidade de "enviar dinheiro para as suas famílias" fizeram com que permanecessem "sob a influência desta rede", afirmou à rádio France Inter.
A comandante do OCRTEH destacou a "cooperação internacional sem precedentes" entre França, Colômbia e Espanha, que mostra que "diante de um crime organizado sem fronteiras, as forças policiais podem se aliar, inclusive além dos oceanos".