Publicada em 15/12/2022 às 15h09
O Peru anunciou, nesta quinta-feira (15), que chamou para consultas os seus embaixadores em Argentina, Bolívia, Colômbia e México, em rechaço à declaração desses governos, que pediram a restituição de Pedro Castillo na Presidência, destituído após uma tentativa fracassada de autogolpe.
"Com a senhora Presidente da República [Dina Boluarte], convocamos para consultas em Lima nossos Embaixadores em Argentina, Bolívia, Colômbia e México, em reação à intromissão nos assuntos internos do Peru", anunciou a chanceler Ana Cecilia Gervasi em uma cerimônia oficial.
Na segunda-feira, esses quatro países expressaram apoio a Castillo e pediram respeito à vontade popular em um comunicado conjunto. "Exortamos aqueles que integram as instituições a se absterem de reverter a vontade popular expressa com o livre sufrágio", diz a nota.
O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, reiterou na terça-feira que, para o seu país, "Pedro Castillo continua sendo o presidente", pois foi eleito pela via democrática.
Na diplomacia, a convocação para consultas acontece quando um país chama de volta seu próprio embaixador para que informe sobre algum aspecto pontual. É um gesto utilizado habitualmente para expressar mal-estar com alguma situação específica.
Castillo foi destituído no dia 7 de dezembro pelo Congresso, depois de uma tentativa fracassada de autogolpe de Estado, com o qual ele pretendia fechar o Parlamento e governar por decreto.
O ex-presidente peruano, um professor rural distante das elites peruanas, foi detido quando se dirigia à embaixada mexicana para solicitar asilo.
A vice-presidente Dina Boluarte assumiu o poder constitucionalmente, mas enfrenta agora grandes protestos de associações e organizações de camponeses e indígenas, que exigem sua renúncia, a libertação de Castillo e eleições imediatas.
A violência derivada das manifestações, com bloqueio de aeroportos e estradas, já deixou pelo menos sete mortos e 200 feridos. As autoridades decretaram estado de emergência, com a participação das Forças Armadas no controle da segurança pública.