Publicada em 07/12/2022 às 09h11
O presidente chinês, Xi Jinping, chega nesta quarta-feira (7) à Arábia Saudita, maior exportador mundial de petróleo, para reuniões com líderes da região, em meio a uma crise ligada à guerra na Ucrânia.
Bandeiras chinesas e sauditas tremulavam nas avenidas da capital Riade, enquanto a foto de Xi Jinping dominava as primeiras páginas dos jornais sauditas, destacando os potenciais benefícios econômicos da visita.
O gigante asiático e o país do Golfo, seu principal fornecedor de petróleo, parecem querer estreitar relações em um contexto de incertezas econômicas e realinhamento geopolítico.
Esta é a terceira viagem de Xi Jinping ao exterior desde o início da pandemia de covid-19 em 2020 e a primeira à monarquia do petróleo desde 2016.
Encontros bilaterais estão programados durante a viagem de três dias com o rei Salman e o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, governante de fato do reino, além de uma cúpula na sexta-feira com os seis países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) e outra com líderes árabes.
Espera-se que a energia domine as discussões entre o maior exportador mundial de petróleo bruto e a China, o maior importador mundial.
O G7 e a União Europeia introduziram na sexta-feira passada um teto ao preço do petróleo russo para exportação - a 60 dólares o barril -, com o objetivo de privar Moscou dos meios de financiar sua guerra na Ucrânia, criando novas incertezas no mercado global.
No domingo, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, liderada pela Arábia Saudita, e seus aliados, conduzidos pela Rússia (OPEP+) concordaram em manter o rumo decidido em outubro de redução de dois milhões de barris por dia até o final de 2023.
A agenda da visita não foi divulgada, mas Ali Shihabi, analista saudita próximo ao governo, disse esperar que "vários acordos sejam assinados".
Além da energia, as discussões podem se concentrar no envolvimento de empresas chinesas em megaprojetos, que incluem uma cidade futurística de US$ 500 bilhões chamada NEOM.
Segundo a agência de notícias saudita SPA, a Arábia Saudita atraiu mais de 20% dos investimentos chineses no mundo árabe entre 2002 e 2020.
Por sua vez, o secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo, Nayef al-Hajraf, destacou a importância da cúpula de sexta com os seis países do bloco, dizendo querer "reforçar a cooperação" nas áreas de economia, desenvolvimento e comércio, entre outras.
A visita de Xi Jinping será, sem dúvida, acompanhada de perto pelos Estados Unidos, importante aliado dos países do Golfo, em particular da Arábia Saudita.
A parceria entre os dois países, muitas vezes descrita como um acordo de "petróleo por segurança", foi selada após a Segunda Guerra Mundial.
Porém, a redução da produção decidida em outubro pela Opep+ irritou Washington, que denunciou um "alinhamento com a Rússia".
Mas mesmo que a Arábia Saudita coopere com a China na venda e produção de armas, Pequim não pode fornecer as mesmas garantias de segurança que Washington, segundo analistas.