Publicada em 23/12/2022 às 09h29
O assassino francês Charles Sobhraj, conhecido como "A Serpente" e autor de uma série de homicídios na Ásia na década de 1970, foi solto nesta sexta-feira (23) de uma prisão do Nepal. A Suprema Corte do país pediu na quarta-feira (21) a libertação antecipada de Sobhraj, que tem problemas cardíacos. Ele inspirou a série da Netflix "O Paraíso e a Serpente", lançada em 2021, e teria cometido mais de 20 homicídios
Sobhraj, de 78 anos, foi levado para o serviço de imigração. A justiça nepalesa derterminou que ele deve ser expulso para a França em no máximo 15 dias, informou a polícia. Mas ele pretende viajar ainda nesta sexta-feira, afirmou seu advogado, Gopal Shiwakoti Chintan. "O governo do Nepal quer a transferência o mais rápido possível. Sobhraj também quer", afirmou. A passagem de avião pela companhia Qatar Airways já foi comprada e "documento de viagem entregue pela embaixada da França", completou.
Antes do anúncio de sua transferência, o Ministério das Relações Exteriores francês tinha informado que ainda não havia recebido um pedido de expulsão de Sobhraj do governo do Nepal. O prota-voz do ministério detalhou que, em caso de notificação do pedido, "a França seria obrigada a atendê-lo porque Sobhraj é cidadão francês".
Mansão e projeto de filme
Segundo o jornal Ouest France, o 'serial killer' planeja comprar uma mansão na França e adaptar a história de sua vida em filme. O francês estava preso desde 2003 no Nepal após sua condenação pelo assassinato de um casal de turistas.
A Suprema Corte do Nepal pediu na quarta-feira a libertação antecipada de Sobhraj por motivos de saúde. O 'serial killer' passou por uma cirurgia de coração aberto em 2017 e precisa ser operado novamente. A lei nepalesa permite a libertação de prisioneiros gravemente doentes que cumpriram 75% de sua sentença, segundo o tribunal.
Ele deveria ter deixado a prisão na quinta-feira (22), mas problemas logísticos e jurídicos adiaram a libertação.
Charles Sobrahj é francês de origem vietnamita e indiana. Ele percorreu diversos países nos anos 1970 até chegar a Bangcoc, na Tailândia. Conhecido por ser carismástico e sedutor, ele fazia amizade com as vítimas, muitas delas mochileiros ocidentais, e depois as drogava, roubava e matava. "Ele odiava mochileiros, que os via jovens, pobres e viciados em drogas", disse a jornalista australiana Julie Clarke, que entrevistou Sobhraj. "Ele se considerava um herói do crime", acrescentou.
O francês teria cometido o primeiro assassinato em 1975. A vítima, Teresa Knowlton, era uma jovem americana de 21 anos. O francês, após o crime, colocou um bíquini na vítima e a levou para a praia, com a ajuda de um cúmplice. Após esse assassinato, ficou conhecido como "Bikini Killer".
Identidades
O apelido "A Serpente" está associado à sua capacidade em assumir outras identidades para fugir da Justiça. Preso na Índia em 1976, ele fugiu em 1986 após passar 21 anos na prisão. Em seguida, ele foi recapturado no estado costeiro de Goa.
Libertado em 1997, Sobhraj viveu em Paris, onde foi pago para dar entrevistas, mas voltou ao Nepal em 2003 e foi detido em um cassino em Katmandu. No ano seguinte, um tribunal o condenou à prisão perpétua pelo assassinato, em 1975, da turista americana Connie Jo Bronzich.
Uma década depois, o francês foi condenado pelo assassinato do parceiro de Bronzich, um canadense. Atrás das grades, Sobhraj negou as duas mortes, dizendo que nunca esteve no Nepal antes da viagem que o levou à prisão. Nadine Gires, uma francesa que morou no mesmo edifício que Sobhraj em Bangcoc, afirmou no ano passado que ele era "culto e cortês". "Ele não era apenas um vigarista, sedutor e ladrão de turistas, mas também um assassino perverso", comentou.