Publicada em 26/12/2022 às 14h55
O presidente da China, Xi Jinping, pediu nesta segunda-feira (26) que as autoridades adotem medidas para "proteger de modo eficaz" as vidas de seus compatriotas diante do avanço da covid-19, em suas primeiras declarações públicas desde que Pequim flexibilizou as restrições sanitárias.
"Deveríamos iniciar uma campanha de saúde patriótica de maneira mais direcionada, para fortalecer a prevenção e controle da epidemia e proteger de modo eficaz a vida, a segurança e a saúde das pessoas", afirmou Xi, de acordo com o canal estatal CCTV.
Três anos após a detecção dos primeiros casos de covid-19 na cidade chinesa de Wuhan (centro), o governo eliminou sem aviso prévio a maioria das rigorosas medidas que sustentavam sua política de 'covid zero', em um contexto de crescente irritação por parte da população e ante ao forte impacto desta política sobre a economia do gigante asiático.
No entanto, desde então, o país asiático enfrenta um aumento explosivo do número de infectados pelo vírus.
Muitos hospitais estão superlotados e as farmácias enfrentam uma escassez de medicamentos.
Além disso, funcionários de vários crematórios relataram à AFP um aumento expressivo do número de corpos.
"A prevenção e o controle da covid-19 na China estão enfrentando uma nova situação e novas tarefas", disse Xi Jinping, informou a televisão CCTV nesta segunda-feira.
A China anunciou no domingo que não divulgaria mais estatísticas sobre a covid, muito criticadas pela grande diferença entre os números oficiais e a atual onda epidêmica que atinge o país.
- Controverso balanço -
Até o momento, testes de PCR quase obrigatórios permitiram acompanhar com segurança a tendência epidemiológica. Mas as pessoas contaminadas agora fazem autotestes em casa e raramente relatam os resultados às autoridades, o que impede uma contagem real.
A China, o país mais populoso do mundo, reconheceu oficialmente apenas seis mortes por covid-19 desde a suspensão das restrições.
Analistas, no entanto, consideram que o balanço é muito inferior ao número real de mortes, em um país onde grande parte dos idosos não está vacinada contra a covid-19.
Os cidadãos chineses podem constatar a diferença flagrante entre as estatísticas oficiais onde apenas há casos e os crescentes contágios, e inclusive mortes, de pessoas próximas.
A megalópole de Guangzhou (sul), que tem uma população de 19 milhões de habitantes, anunciou o adiamento das cerimônias funerárias para "depois de 10 de janeiro".
Outra fonte de polêmica é a nova metodologia de recontagem das autoridades, segundo a qual somente as pessoas mortas por insuficiência respiratória ligada à covid serão contabilizadas como mortas por essa doença.
No entanto, alguns governos locais, começaram a oferecer estimativas da magnitude da pandemia.
As autoridades sanitárias de Zhejiang (leste), ao sul de Xangai, indicaram que o número de contágios diários superava a marca de um milhão nesta província de 65 milhões de habitantes.
Meio milhão são infectados diariamente em Qingdao (leste), cidade com dez milhões de habitantes, segundo fontes municipais citadas pela imprensa oficial.
Na capital, Pequim, as autoridades admitiram no sábado "um grande número de pessoas infectadas" e instaram a "fazer todo o possível para melhorar a taxa de recuperação e reduzir a de mortalidade".