Publicada em 24/01/2023 às 14h37
Cientistas australianos que analisaram pequenos pedaços rochosos do asteroide Itokawa fizeram importantes descobertas que afirmam que podem auxiliar os estudos de defesa planetária e de objetos potencialmente perigosos ao nosso planeta.
Os pesquisadores examinaram três estruturas que foram trazidas durante a missão inédita da agência espacial japonesa (Jaxa) que retornou à Terra em junho de 2010 - fragmentos esses menores do que um grão de arroz.
Esse tamanho diminuto, porém, não foi um empecilho para o grupo de pesquisadores. A análise revelou que o asteroide, que está a 2 milhões de quilômetros da Terra e tem aproximadamente 500 metros de comprimento, é difícil de destruir e resistente a colisões.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas estudaram o impacto de partículas minúsculas que deixaram marcas na superfície dos grãos e assim descobriram que o corpo celeste foi formado nos primórdios do Sistema Solar, há cerca de 4,2 bilhões de anos.
A análise também corrobora a teoria de que o Itokawa surgiu de um objeto muito maior, um bloco maciço de rocha que foi estilhaçado por uma colisão, e então se transformou numa pilha de fragmentos agregados (do inglês, rubble pile).
“Esse tempo de sobrevivência tão surpreendentemente longo para um asteroide do tamanho de Itokawa é atribuído à essa natureza de choque absorvente que é característica do material que forma essa pilha de escombros", disse o principal autor do estudo, Fred Jourdan, professor da Escola de Ciências da Terra e Planetárias da Curtin University.
“Em resumo, descobrimos que o Itokawa é como uma almofada espacial gigante e muito difícil de destruir".
“Ao contrário dos asteroides monolíticos [aqueles formados por objetos], o Itokawa não é formado por um único pedaço de rocha, mas pertence à família de pilhas de escombros, o que significa que ele é inteiramente feito de pedras e rochas soltas, com quase metade sendo espaço vazio”, acrescentou o professor Jourdan.
Com esse achado, os cientistas argumentam que a durabilidade de corpos celestes do tipo pode ser muito maior do que imaginávamos. Isso porque, como a formação do nosso Sistema Solar foi há aproximadamente 4,5 bilhões de anos, há um grande indicativo de que mais asteroides formados por fragmentos agregados estejam vagando pelo cinturão de asteroides, uma região entre as órbitas de Marte e Júpiter.
"A boa notícia é que também podemos usar essa informação a nosso favor", acrescentou o coautor do estudo, Nick Timms, também da Escola de Ciências da Terra e Planetárias da Curtin.
"Se um asteroide for detectado tarde demais para um impulso cinético, podemos usar uma abordagem mais agressiva, como uma onda de choque de uma explosão nuclear para empurrar esse asteroide de pilha de escombros fora do seu curso, e sem destruí-lo".