Publicada em 09/01/2023 às 14h43
O papa Francisco se reuniu nesta segunda-feira (9) com o secretário particular do falecido pontífice emérito Bento XVI, arcebispo Georg Ganswein.
O encontro foi noticiado pela Sala de Imprensa do Vaticano e ocorreu dias após o prelado alemão ter revelado que a decisão de Jorge Bergoglio de restringir missas em latim provocou "dor no coração" de Joseph Ratzinger.
No entanto, a Santa Sé não informou o que foi discutido na reunião, enquanto se especula sobre o destino de Ganswein, que, segundo rumores, pode ser uma nunciatura (representação diplomática do Vaticano) na América Latina ou na Ásia, ou um cargo em alguma universidade católica no exterior.
Na semana passada, já depois da morte de Bento XVI, o arcebispo revelou a tristeza do papa emérito com a restrição às missas em Latim. "Acredito que o papa Bento tenha lido esse motu proprio com dor no coração", disse Ganswein na ocasião.
Além disso, um novo livro do arcebispo que está para ser lançado traz críticas veladas a Francisco, como pela decisão de afastar Ganswein do cargo de prefeito da Casa Pontifícia, em 2020.
"Fiquei chocado e sem palavras, me senti um prefeito pela metade", diz o arcebispo no livro, salientando que o próprio Bento XVI brincou com o caso. "Acho que o papa Francisco não confia mais em mim e quer que você seja o meu guardião", disse Ratzinger, segundo seu secretário particular.
Essas declarações provocaram reações inclusive de membros da Cúria Romana. "Obviamente, existem sensibilidades, feridas, dores, mas sempre foi assim na história evangélica. Seria sábio ficar em silêncio e buscar a mensagem profunda de Bento XVI", afirmou na semana passada o arcebispo Vincenzo Paglia, presidente da Pontifícia Academia para a Vida.