Publicada em 09/01/2023 às 11h08
O governo da Espanha disse nesta segunda-feira (9) que vê uma "marca trumpista" no ataque de bolsonaristas às sedes dos três poderes no Brasil. De acordo com o ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel Albares,"há um traço, digamos, trumpista, na forma como agiram ontem, com extremistas de direita mobilizados entrando no Congresso."
O chanceler espanhol deu a declaração em entrevista à rádio Cadena Ser. "O padrão de atuação" dos bolsonaristas é "praticamente idêntico" ao dos seguidores do ex-presidente americano, disse Albares, ao comentar a invasão, na véspera, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal, em Brasília, por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está nos Estados Unidos.
Segundo o diplomata, o episódio lembra os ataques de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio, em Washington, uma invasão protagonizada por simpatizantes do então presidente americano, Donald Trump.
Os acontecimentos no Brasil "nos recordam qual é a maior ameaça que pesa sobre a democracia, a paz e a prosperidade no mundo (...) e é o ressurgimento de movimentos ultradispostos a atropelar tudo", afirmou, por sua vez, o chefe do governo, o socialista Pedro Sánchez, em um evento em Madri com embaixadores espanhóis.
Na noite de domingo, Sánchez havia manifestado no Twitter seu apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como "às instituições livre e democraticamente eleitas pelo povo brasileiro" e sua contundente condenação ao "assalto ao Congresso do Brasil".
Ataque intolerável
Após diversos líderes condenarem a ação em Brasília neste domingo, outros reagiram nesta segunda-feira (9).
Em uma mensagem publicada no Twitter, em português, o premiê alemão, Olaf Scholz, disse que ação é um ataque "intolerável" contra a democracia. O representante de Berlim acrescentou que o governo alemão está ao lado do presidente Lula.
A primeira-ministra italiana de extrema direita Giorgia Meloni disse que "o que acontece no Brasil não pode nos deixar indiferentes. As imagens dos ataques às sedes das instituições são incompatíveis com qualquer forma de desacordo democrático. É urgente que tudo volte ao normal, e nós nos solidarizamos às instituições brasileiras", declarou.
O papa Francisco também falou sobre o ataque, nesta segunda-feira, durante a cerimônia de votos para os diplomatas. "Penso nas diversas crises políticas em vários países do continente americano, com toda a tensão e formas de violência que pioram os conflitos sociais", disse. "Penso principalmente no que aconteceu recentemente no Peru e nas últimas horas no Brasil."