Publicada em 17/01/2023 às 14h51
Treze membros do grupo de extrema direita Barjols, que planejava assassinar o presidente francês, Emmanuel Macron, começam a ser julgados nesta terça-feira (17), em Paris. Os militantes – 11 homens e duas mulheres, com idades entre 26 e 66 anos – também organizavam ataques contra imigrantes e mesquitas.
O Barjols entrou no radar da Direção-Geral da Segurança Interior (DGSI), órgão de Inteligência do Estado francês, em 2018. O governo foi então alertado sobre um projeto de atentado contra Macron. O ataque havia sido programado para ocorrer durante as comemorações do centenário do fim da Primeira Guerra Mundial, com a presença do chefe de Estado, no leste da França.
O grupo foi formado em 2016, após o início da onda de ataques terroristas na França. Segundo o jornal La Croix, além de "uma raiva profunda" do governo, os integrantes do Barjols também passaram a militar contra imigrantes e muçulmanos.
Com cerca de 5 mil membros no Facebook, o funcionamento da organização ocorria essencialmente nas redes sociais. Nas postagens e conversas, os militantes expressavam abertamente o ódio por essas minorias. Vários membros se encontravam pessoalmente para discutir a preparação física e paramilitar dos participantes.
Desde que Macron assumiu o governo, em 2017, os extremistas de direita, irritados com a política de imigração considerada branda, passaram a concentrar seus planos em um atentado contra o presidente.
Guerra civil entre brancos, muçulmanos e imigrantes
O jornal Libération afirma que os serviços de Inteligência da França definem os Barjols como "um grupo de extrema direita, nacionalista, incitado por projetos de destituição do poder por meio de violência". Alguns membros diziam se preparar para uma "guerra civil" de franceses brancos contra muçulmanos e imigrantes, destaca a reportagem. Um dos líderes e mentores do atentado contra Macron é Jean-Pierre Bouyer, um aposentado de 62 anos.
Além da prisão dos membros determinados a protagonizar ataques, nos últimos anos, a polícia francesa também apreendeu armas e explosivos com alguns dos integrantes do Barjols. No entanto, de acordo com a imprensa, os objetivos da organização não eram perfeitamente claros e nada garante que os militantes de extrema direita estavam de fato determinados a protagonizar os atentados que planejaram.
Por isso, segundo o jornal Libération, o processo que tem início nesta terça-feira tem o objetivo de determinar "até onde os Barjols estavam dispostos a colocar seus planos em prática", já que a radicalização parece, por enquanto, não ser um indício suficiente para provar a criminalidade do grupo.
Para a Procuradoria Nacional Antiterrorista (Pnat), não há dúvidas de que a organização representa muito mais do que uma "contestação social violenta". "Os investigados tinham vários projetos visando atacar os fundamentos democráticos da nossa sociedade, como assassinar imigrantes, políticos e fiéis em mesquitas", afirma uma fonte do Pnat ao jornal Libération.
No entanto, para o advogado da defesa, Gabriel Dumenil, os réus compartilhavam apenas "uma visão contra o governo", com posicionamento "às vezes extremo". "Mas isso traduz uma vontade de passar ao ato para assassinar o chefe de Estado? Não", diz o advogado.
O julgamento dos 13 acusados do grupo Barjols tem prazo de audiências previsto até 3 de fevereiro.