Publicada em 21/01/2023 às 10h55
Desde o primeiro dia do ano estamos vivendo um momento diferenciado na política nacional. O presidente Lula da Silva (PT) assumiu o comando do País e, passados quase trinta dias da posse enfrenta forte resistência dos adeptos do adversário derrotado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No dia 8 ocorreu um quebra-quebra em Brasília com invasão do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), numa afronta às autoridades máximas do Brasil. O ato “terrorista” como rotula a “Grande Imprensa”, é dos mais condenáveis, porque nada justifica destruir patrimônio público.
Manifestações são bem-vindas, necessárias, um ato democrático, mas não podem se transformarem em farra, bagunça, depredações, barreiras nas rodovias. Ações totalmente desnecessárias, antidemocráticas e que em nada acrescentam à mobilização de insatisfação com o resultado das urnas eletrônicas. Favoreceu quem venceu as eleições devido a agressividade do movimento. Nada justifica a violência, inclusive na força da caneta do ministro Alexandre de Moraes, que exagerou –e exagera– no autoritarismo em clara demonstração de ignorância à Constituição Brasileira.
Em Rondônia o ex-presidente Bolsonaro obteve a maioria dos votos, no primeiro e no segundo turno em grande parte devido ao governador Marcos Rocha (União Brasil), que foi reeleito. Rocha foi eleito em 2018, quando esteve fechado com Bolsonaro, o mesmo ocorrendo em outubro último.
Também é necessário destacar, que o adversário de Rocha, na disputa pela sucessão estadual em 2022, senador-licenciado Marcos Rogério (PL) é Bolsonaro de “carteirinha” e, a exemplo do seu adversário, sempre pediu votos para o ex-presidente. Rondônia é um dos estados onde Bolsonaro proporcionalmente conseguiu o maior número de votos nos dois turnos. No segundo venceu com mais de 70% dos votos válidos.
É importante destacar, que a reeleição de Rocha não representa muito no universo eleitoral brasileiro. Rondônia tem cerca de 1,2 milhão de eleitores e o Brasil, cerca de 150 milhões. Mas Rondônia tem uma representatividade federal das mais importantes e isso fortalece o Estado no Congresso Nacional.
Nas eleições de 2022, Rocha conseguiu eleger 4 dos oito deputados federais de Rondônia, pelo partido presidido por ele no Estado, o União Brasil. O PL, de Marcos Rogério, partido político de Bolsonaro reelegeu dois deputados federais e o MDB os outros dois, um deles, Lúcio Mosquini, presidente do diretório regional. O MDB de Rondônia esteve fechado com Rocha.
Rondônia tem três senadores, dois deles (Marcos Rogério-PL e Confúcio Moura-MDB) eleitos em 2018. Rogério está licenciado e seu suplente Samuel Araújo, que assumiu pelo PL mudou de partido e está no PSD, sigla que está fechada desde as eleições de 2022 com o presidente Lula. Hoje somente o senador-eleito em outubro último, Jaime Bagattoli é identificado com Bolsonaro.
Se Rondônia não é um Estado com densidade eleitoral forte, como São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, a representatividade no Congresso Nacional é da maior importância. E não se pode esquecer, que política é a arte de negociar, somar, sempre em favor da população. Também temos que reconhecer, que nem sempre isso acontece, o que fomenta as constantes denúncias de corrupção, abusos de poder, de autoridade dentre outras práticas condenáveis, mas que infelizmente ocorrem com regularidade no Brasil, onde impera a impunidade.
Não há dúvidas que o governador Marcos Rocha manterá relacionamento direto e eficiente com o presidente Lula e sua equipe de governo. As eleições terminaram no dia 30 de outubro, agora temos que conviver com a realidade político-administrativa que está sendo aplicada no País.
Também é necessário se conscientizar, que não se pode deixar de fazer oposição, que é fundamental numa democracia. Nada na vida é 100%, por isso coerência e responsabilidade são vitais, também na política, onde as divergências das campanhas devem ser deixadas de lado e se abrir espaço para a coerência, negociações, acordos, desde que tudo seja feito em favor da maioria da população, que vota e espera a recíproca dos políticos eleitos, no caso Lula, em nível de Brasil, e Rocha, que foi reeleito, para Rondônia.
A força da natureza nos ensina com muita sabedoria: todos os rios correm para o mar...