Publicada em 07/01/2023 às 10h15
Porto Velho, RO – A nova bancada de Rondônia, cuja maioria tomará posse em fevereiro, será praticamente inteira bolsonarista.
À exceção de Confúcio Moura, do MDB, ex-governador do Estado, pelo menos dez nomes são declaradamente a favor do ex-presidente da República e usaram suas credenciais, direta ou indiretamente para se eleger.
Do grupo, apenas Lebrão, ora no União Brasil, chegou a criticar a gestão de Messias em algum momento do mandato que durou de 2019 a 2022. Entretanto, declarou voto no antigo morador do Palácio da Alvorada naquela época.
Agora, Lula, do PT, chegou pela terceira vez ao comando da União, representando o polo oposto no campo ideológico.
E todos esses políticos terão de avaliar seus respectivos comportamentos tanto na Câmara quanto no Senado.
O próprio governador reeleito Coronel Marcos Rocha, do União Brasil, que regressou às rédeas do Palácio Rio Madeira justamente por adotar uma postura mais conciliadora enquanto o adversário direto no segundo turno, ou seja, Marcos Rogério, do PL, trilhava a estrada dos ataques deliberados, terá de pensar em como agirá daqui para a frente.
Isto, levando em conta que concepções pessoais de mundo não podem se sobrepor aos interesses coletivos, dos cidadãos e também das 52 cidades rondonienses.
Os protestos no final de outubro reverberam as intenções de determinado eixo voltado à direita, que, basicamente, não aceitou o resultado das urnas propiciado pelo Estado Democrático de Direito.
Dentro desta célula, um grupo ainda menor se destacou por ações terroristas no Brasil e disseminações de notícias falsas, incluindo devaneios como a fantasia de que o general Augusto Heleno seria agora o presidente e Lula, lado outro, não assumiu o posto.
É importante citar os casos porque é necessário haver também mobilização política local para punir responsáveis por atos de fanatismo. Mas também, e principalmente, porque os oito deputados federais e três senadores precisam escolher para quem querem sinalizar.
Oposição tem de ser feita. A democracia plena não se constrói só com apoio, lealdade e parceria. Tem de haver um mecanismo de freios e contrapesos no seio político, efetivado por discursos e ações efetivas.
Pelo Estado de Rondônia, os eleitos precisam se colocar a disposição para dialogar com o governo federal. Não para dizer “amém” a tudo, mas demonstrando, claro, como fora no passado recente, que o interesse da unidade federativa precisa ultrapassar o desconforto.
Fazer como fizeram o jornalista Alexandre Garcia e o empresário Luciano Hang, bolsonaristas, que, ultrapassada a linha do razoável, se manifestaram contra o caos informativo.
“Lula subiu a rampa e interessante que na rede social tem gente até agora negando. É incrível, chega a um ponto de desligamento da realidade que é preocupante para a saúde mental. Inclusive põe na rede social tentando pôr dúvidas nas cabeças das pessoas”, disse Garcia.
Hang, lado outro, desejou que Lula faça um bom governo:
“Passadas as eleições e para acabar com as fake news que vêm sendo espalhadas nas redes sociais utilizando o meu nome, quero desejar ao novo governo [de Lula] que faça uma ótima administração. Que possamos ter paz, harmonia, felicidade e muitos empregos para todos os brasileiros”, declarou o empresário.
E o espírito tem de ser esse. Primeiro, voltar à realidade. E logo em seguida, tornar o exercício da oposição algo decente, correto e honesto.