Publicada em 25/01/2023 às 10h33
Professor Nazareno*
A capital de Roraima está encolhendo. Na última projeção do IBGE feita em 2021, Porto Velho, a imunda e fedorenta capital karipuna, tinha uma população de 548 mil habitantes. Havia, portanto, a expectativa de que, terminado o censo de 2022, a cidade chegasse a quase 600 mil moradores. Ledo engano, pois, se os atuais números divulgados pelo IBGE estiverem corretos, houve uma diminuição de quase 100 mil habitantes. Isso mesmo. Porto Velho tem agora algo em torno de 461 mil habitantes. Ora, se essa cifra populacional continuar decrescendo assim, em muito pouco tempo a imunda capital dos rondonienses não terá um único morador. A constante diminuição da população local é algo visto diariamente por quem quiser observar. Muitos dos funcionários públicos que se aposentaram, nascidos ou não aqui, já “montaram no porco” e caíram fora faz tempos.
Poucas pessoas em sã consciência querem ficar morando nesta suja e inabitável cidade depois da aposentadoria. Eu mesmo conheço inúmeras famílias que se mudaram para as paradisíacas praias do Nordeste e até para a aprazível Serra Gaúcha e imediações. E alguns são aqueles rondonienses “da gema” que nasceram por aqui mesmo. Nas férias de final e ano o que se observa nas redes sociais são rondonienses e ex-rondonienses postando fotos à beira-mar. Porto Velho nunca teve qualidade de vida nenhuma. É a pior dentre as 27 capitais do Brasil em IDH. Agora, por exemplo, estamos no inverno, época das chuvas na região, e a cidade, que não tem esgotos nem saneamento básico, fica toda alagada com ratos, tapurus, fezes humanas e toda sorte de sujeira e imundície boiando pelas principais avenidas. No verão é a poeira que atormenta os pobres moradores daqui.
Guardadas as devidas proporções, Porto Velho se parece com uma grande aldeia yanomami. Assim como o Estado inteiro, a cidade parece que não tem nem nunca teve uma administração que lhe dê o mínimo de urbanidade e de civilidade. Aqui praticamente não existe transporte coletivo e a rodoviária é um lixo só. Mas promessas de se construir um novo terminal rodoviário são constantes e antigas. Só que a obra nunca sai do papel. Nem rodoviária muito menos hospital de pronto socorro. E tanto o prefeito da capital quanto o governador do Estado são de fora. O primeiro é pernambucano e o segundo nasceu no interior do Rio de Janeiro. O bolsonarista governador coronel Marcos Rocha tem feito promessas de que “em breve” Porto Velho terá um bom hospital para atender às demandas. Felizes, os eleitores que o reelegeram creem que se livrarão do velho açougue.
Por tudo isso, não é nenhuma novidade que Porto Velho poderá desaparecer para sempre do mapa. E parece que o processo já se iniciou, pois se a cada dois anos tiver 100 mil moradores a menos, não levará nem uma década para se transformar em uma humilde e pequena vila do tamanho de Calama, Nazaré ou São Carlos no baixo Madeira. Espertos, muitos de seus próprios filhos são os primeiros a se mandar para lugares melhores e bem mais civilizados para se viver. Infelizmente a lúgubre cidade não tem nada que atraia qualquer turista ou visitante de última hora. Tem uns viadutos imprestáveis, mal feitos e tortos que só servem para atrapalhar ainda mais o já caótico trânsito local. Tem também uma ponte escura que não liga nada a nada e que até agora só serviu para aumentar o número de suicídios na cidade. Eu particularmente ainda quero estar morando por aqui só para testemunhar o Armagedom porto-velhense. Espero que isso não demore tanto tempo!
*Foi professor em Porto Velho