Publicada em 05/01/2023 às 10h22
Professor Nazareno*
Mal começou um novo governo no Brasil em janeiro de 2023, e uma das perguntas mais frequentes é se o ex-presidente Jair Bolsonaro, que em um avião oficial do governo brasileiro fugiu para os Estados Unidos poucos dias antes da posse de Lula, merece ser punido pelas incontáveis barbaridades que falou e cometeu durante os quatro anos de seu mandato. Se for culpado, SIM! E não se trata de nenhuma caça às bruxas muito menos de perseguição a ninguém. É a aplicação pura e simples da lei. O Brasil infelizmente já tem tradição de não punir o seu passado, ao contrário de países vizinhos nossos. Foi assim durante a famigerada Ditadura Militar ocorrida entre 1964 e 1985. Torturas, cassações, assassinatos, perseguição a oposicionistas, ataques aos direitos humanos, dentre inúmeros outros crimes hediondos ficaram impunes. Todos precisam acertar contas com o passado.
Isso pode até ser doloroso, mas é necessário. Assim, podem-se evitar crimes futuros. Bolsonaro foi muito cruel e desumano durante o seu mandato principalmente no tocante à pandemia da Covid-19, que até agora ceifou a vida de quase 700 mil brasileiros. Para alguns, essa macabra cifra pode ter alcançado mais de um milhão de vidas de nossos compatriotas. Na maior cara de pau e na frente de todo mundo, Bolsonaro negou a ciência, criou vários obstáculos para vacinar os brasileiros, incentivou aglomerações. Manaus no Amazonas talvez tenha sido a cidade que mais sofreu com a insanidade do desastrado e desbocado presidente do Brasil. Faltou oxigênio e as mortes por lá superaram todas as expectativas. Cidadãos pobres sendo enterrados em valas comuns são cenas que jamais sairão dos corações e mentes de muitos brasileiros. O “Bozo” foi insensível e monstruoso.
Antes disso, durante o golpe que deram na Dilma Rousseff em 2016, o abjeto presidente fez apologias à tortura e enalteceu publicamente o coronel Brilhante Ustra, um notório torturador do regime militar. Bolsonaro cometeu um crime após o outro. Tudo isso tem que ser apurado com todo o rigor e criminalizado na forma da lei. Se for culpado, deve ser punido. E nada de anistia. Ele que trate de se defender de todas as acusações para escapar da prisão. O último ato dele na presidência foi repetir a falta de educação do Marechal Floriano Peixoto e do presidente-general João Figueiredo: como os outros dois militares do passado, ele não passou a faixa presidencial para o seu sucessor. Floriano esnobou o civil Prudente de Moraes e Figueiredo fez pouco caso de outro civil, o José Sarney em 1985. Além de cruel, Bolsonaro também foi incompetente e vil em seu cargo.
O senhor ex-presidente Jair Messias Bolsonaro precisa ser investigado por tudo de ruim que fez para o Brasil e os brasileiros. Lula, o atual presidente, foi preso por quase dois anos na Operação Lava-Jato. Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, também foi preso. Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, passou um bom tempo na prisão, assim como o também ex-presidente golpista Michel Temer, que foi parar no xilindró. Todos eles acusados de serem corruptos. E por que Bolsonaro não pode ser preso também? O tirano pode até não ser corrupto, apesar dos quase 700 bilhões de reais do dinheiro público usados para garantir sua reeleição em 2022, mas a sua insistência em dar um golpe na nossa frágil democracia já seria um bom motivo para ir dormir na cadeia. Além do mais, o “miliciano genocida” criou várias crises institucionais e semeou o ódio em todo o país. Punido, serviria de exemplo. Ou seria reeleito em 2026.
*Foi professor em Porto Velho