Publicada em 22/02/2023 às 09h28
Porto Velho, RO – ‘‘Nós vamos usar o hospital dos ricos e só paro se o juiz mandar eu parar’’, disse o prefeito de Vilhena, Flori Cordeiro Júnior, o Delegado Flori (Podemos).
A frase de Flori expirou, ou seja, está com a validade vencida.
Isto porque a juíza de Direito Christian Carla de Almeida Freitas, da 1ª Vara Cível daquela Comarca, já o freou, como exigia o pronunciamento do alcaide feito na televisão.
E além de sustar sua intenção de “invadir” o hospital privado da Unimed/Sicoob, a magistrada aproveitou o despacho para admoestar o novo gestor do principal município do Cone Sul.
“Não se trata, aqui, de dizer "hospital de rico", e que "pobre não entra". É questão de gestão e administração pública, porque incumbe ao Prefeito a gestão do Município, e gerir as mazelas, se estão como mencionadas pela autoridade coatora, é de responsabilidade da autoridade efetuar o gerenciamento da máquina pública a fim de fazê-la funcionar”, asseverou.
E concluiu:
“Em suma: por não estar a obra concluída e por não demonstrar a inviabilidade de uso do Hospital Adamastor Teixeira de Oliveira, a concessão da tutela de urgência é medida que se impõe. Com amparo nos argumentos acima expostos, CONCEDO A TUTELA DE URGÊNCIA PLEITEADA a fim de suspender os efeitos do decreto 59.656/2023”, encerrou a representante do Judiciário.
A sentença foi veiculada pelo site Folha do Sul Online. O site ainda trouxe a visão de Flori acerca da deliberação judicial. De acordo com o veículo de comunicação, o prefeito entende que a Justiça analisou "o que lhe foi apresentado pela dona do hospital e que o quadro geral vai além dos problemas da interdição da Agevisa, e que quando isso for demonstrado, tem a esperança de a decisão ser desfeita".
Na última terça-feira, 21, o Rondônia Dinâmica escreveu reportagem intitulada:
A veiculação fala sobre o Decreto nº 59.645/2023, publicado oficialmente no final da tarde da última segunda-feira, 20, requisitando bens e equipamentos do novo Hospital Particular da Associação Cooperar / SICOOB-CREDSU.
Flori tomou a decisão em decorrência de a Santa Casa de Chavante, administradora do Hospital Regional (HR) de Vilhena, receber 22 notificações da Agevisa (Agência Estadual de Vigilância em Saúde) “para promover melhorias na unidade de saúde no prazo entre 10 a 30 dias”.
“Hoje, baixei um decreto requisitando e mandando entrar no Hospital da Unimed/Sicoob para que as pessoas que estão nessas más condições no Hospital Regional vão lá para uma boa estrutura. Não sei se o senhor sabe ou não: aquele hospital da Unimed é para rico e era para pobre. Estavam fazendo um hospital que só quem tem plano de saúde seria atendido. O prefeito comprou essa briga e vamos usar o hospital dos ricos”, destacou”, encerrou à ocasião da entrevista concedida ao “Programa do Noel”, reproduzida pelo Extra de Rondônia.
A Associação Cooperar, a Unimed e a Sicoob Credisul enviaram uma nota conjunta de esclarecimento:
A Associação Cooperar (construtora do Hospital Cooperar), a Unimed (empresa contratada para equipar e gerir o hospital, conforme contrato registrado em cartório) e a Sicoob Credisul (canalizadora dos recursos para a construção da unidade hospitalar), vêm a público declarar o que segue:
Foram diversas as tentativas de construir um hospital que elevasse a qualidade da saúde da região a outro patamar. Felizmente, pela força da cooperação de milhares de cooperados da Sicoob Credisul da região do Cone Sul de Rondônia, Noroeste do Mato Grosso, e por vezes, de toda a área de abrangência da cooperativa, incluindo a região de maior de PIB do Mato Grosso, e o Estado do Acre, estávamos prestes a realizar o sonho, sonho este que está chamando a atenção do sistema cooperativo de todo o Brasil, por se tratar de uma iniciativa inédita.
Infelizmente, fomos surpreendidos por uma decisão, na surdina, populista, autoritária, que revela a incapacidade do poder público de gerir os recursos dos impostos arrecadados dos contribuintes com competência, e tenta usurpar daqueles que construíram à duras penas o sonho de termos um hospital do qual poderíamos nos orgulhar. Como se não bastasse, a citada Santa Casa Chavantes, uma empresa privada, invadiu a obra, ontem, às 23 horas da mesma noite do decreto, como se fossemos depredar a nossa própria realização.
Não é verdade o que o prefeito afirmou, que construímos “um hospital para ricos”. Somos uma cooperativa feita por pessoas e para as pessoas, de todas as classes sociais e poder aquisitivo. E foram elas, de espírito cooperativista, que contribuíram mensalmente para a construção do hospital, cientes o tempo todo de que ali seria um hospital particular.
Desde o lançamento da construção do Hospital Cooperar, em 2019, temos comunicado a disposição de oferecer, por meio de convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS), atendimentos de média e alta complexidade. O próprio prefeito pode testemunhar o que conversamos sobre o assunto, em visita recente ao hospital, onde repetimos o mesmo interesse, caso o Senhor Prefeito não se lembre, basta conferir em todas as matérias publicadas sobre o hospital.
Não, não é verdade também o que propaga o Senhor Prefeito, que o Hospital Regional tenha sido interditado pela Agência Estadual de Vigilância em Saúde de Rondônia (Agevisa), que inclusive acaba de publicar nota a respeito. Somente a lavanderia fora interditada, e que aliás, caso o prefeito tivesse tido a sabedoria de dialogar com nossas instituições, estaríamos dispostos a ajudar a resolver o problema, assim como o fizemos recentemente, já no atual mandato, ao ceder um imóvel da Sicoob Credisul, sem custos de aluguel, para abrigar um órgão da Secretaria de Saúde, a pedido do próprio prefeito Flori Cordeiro.
Somos instituições sérias e comprometidas com o desenvolvimento das comunidades onde estamos inseridos e não temos o hábito de mentir, conforme sugeriu o Senhor Prefeito. Realmente, mais de 90% do hospital está pronto, entretanto, a sua montagem é complexa. À medida que um bloco é finalizado, a Unimed o equipa.
Estimávamos para agosto próximo o início de suas atividades, no entanto, agora, as obras estão paralisadas, e em que isso contribui para a melhoria da tão combalida saúde de nosso município?
Aos cooperados da Sicoob Credisul e à população informamos que as medidas jurídicas cabíveis já estão sendo tomadas e que jamais deixaremos de auxiliar a comunidade que há 22 anos criou em Vilhena (RO) a Sicoob Credisul, hoje a quinta maior cooperativa do sistema Sicoob do Brasil.
A Agevisa/RO também se manifestou oficialmente: