Publicada em 08/02/2023 às 08h41
O Brasil não para de dar vexames ao mundo. Nos últimos quatro anos o nosso país envergonhou os seus habitantes como nunca antes visto na nossa triste história. Na política, com o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, mostramos a nossa incapacidade de conviver com os anseios democráticos. O dia oito de janeiro de 2023 ficará marcado para sempre como um dos dias mais macabros da nossa existência. Já no início do terceiro governo Lula, mostramos ao planeta inteiro como tratamos os nossos povos originários. A tragédia dos Yanomamis no Estado de Roraima, no Norte do país, disse para quem quisesse ouvir que somos muito piores do que foram os nazistas quando o assunto é genocídio e extermínio de povos. Massacramos nossos indígenas sem dó nem piedade. Destruímos, desmatamos e envenenamos nossas florestas como se não houvesse amanhã.
Porém, um dos maiores vexames está na área dos esportes. Nunca fomos tão desmoralizados por países até então insignificantes como agora. Na Copa do Mundo do Catar, caímos vergonhosamente para a Croácia nos pênaltis e ficamos fora da competição bem antes do tempo. No campeonato mundial de clubes, jogado no Marrocos em 2023, a decepção foi maior ainda: o “todo poderoso” Flamengo do Rio de Janeiro, decantado em verso e prosa como um dos melhores times de futebol da atualidade mundial, perdeu para o desconhecidíssimo Al-Hilal da Arábia Saudita. Não! Não foi para nenhum time europeu de ponta ou mesmo para qualquer equipe de futebol que sempre vemos jogar na Argentina, por exemplo. Dessa vez o Flamengo não perdeu para o Barcelona, Liverpool, Milan, Bayern de Munique, Boca Juniores, River Plate ou Independiente. Foi o Al-Hilal.
Certamente raríssimos torcedores do Brasil sabem hoje pronunciar corretamente o nome do algoz de agora do rubro-negro carioca. Muito menos sabem dizer de qual país é esse time de nome exótico. E pior: os brasileiros escaparam de uma solene goleada. Perder somente de 3 X 2 para os guerreiros e entusiasmados sauditas pode até ser considerada uma vitória para os flamenguistas, que saíram no lucro. O placar mais justo do jogo teria sido uns cinco ou seis gols para o time saudita. O Flamengo não jogou absolutamente nada na partida. Aliás, como sempre faz quando enfrenta um time um pouco mais disciplinado e bem treinado. Por isso, foi dominado o jogo inteiro e mesmo empatando ainda no primeiro tempo em 1 X 1, sempre esteve em desvantagem no placar. Pressionado o jogo todo, fez dois pênaltis infantis que foram convertidos em 2 belos gols.
O Flamengo é tão ruim que se jogar hoje contra o Real Ariquemes ou o Porto Velho certamente vai perder feio. Mas contra o Volta Redonda, o Bangu, Madureira ou o Resende faz aquele “piseiro” no campeonato carioca. Esse time do Flamengo é a cara do Brasil de hoje: totalmente sem brilho, sem entusiasmo, sem nenhum encanto, fracassado e sem confiança alguma. Um time sem-vergonha mesmo. Em respeito aos seus milhões de torcedores, devia se retirar de todos os campeonatos de que vai participar neste ano de 2023. A decepção para todos seria bem menor se fizesse isso. O problema é que igualmente não há times bons no Brasil. Até nisso somos também uma vergonha mundial. É como na política nacional: elegemos o Lula não porque o ex-metalúrgico seja alguém bom, carismático e confiável para nos governar. Fizemos isso porque tínhamos que nos livrar do Fascismo que estava nos espreitando. Flamengo e Brasil, desgosto até quando?
*Foi Professor em Porto Velho.