Publicada em 15/02/2023 às 15h10
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) abriu duas sindicâncias para apurar estragos e a atuação de seus servidores durante a invasão realizada por extremistas das sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro. O prazo para a conclusão dos trabalhos é de 60 dias.
Uma das sindicâncias apura danos ao material e às instalações do GSI, localizado no Palácio do Planalto. A outra, por sua vez, investiga circunstâncias e eventual responsabilidade de agentes durante a invasão.
Como o R7 mostrou, um relatório sigiloso enviado pelo GSI ao Congresso Nacional mostrou que o governo federal havia sido informado de eventuais ataques extremistas em Brasília, no dia 8 de janeiro.
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), subordinada ao GSI, disse que identificou a convocação de diversas caravanas em direção à capital federal. No texto, a agência teria informado as intenções desses manifestantes, como a invasão do Congresso Nacional.
O documento foi enviado a órgãos do governo e, depois, em 20 de janeiro, à Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência (CCAI). Ele foi assinado pelo chefe do GSI, Gonçalves Dias. O alerta, por sua vez, foi feito pela Agência Brasileira de Inteligência.
A peça sigilosa produzida pela Abin, porém, contrasta com as declarações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista tem criticado as forças de segurança do Distrito Federal pela suposta ausência nos ataques extremistas.
Em 12 de janeiro, durante café da manhã com jornalisas, Lula afirmou estar convencido de que alguém abriu as portas do Palácio do Planalto para que os extremistas invadissem e depredassem o prédio.
"Estou esperando a poeira baixar, mas quero ver as fitas que foram gravadas dentro do Supremo Tribunal Federal, do Planalto. Teve muita gente conivente, muita gente da PM conivente, muita gente das Forças Armadas conivente. Estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para que gente entrasse, porque não tem porta quebrada, o que significa que alguém facilitou a entrada", disse Lula na ocasião.
Presos
Até o momento, cerca de 1.500 pessoas foram presas pelos atos antidemocráticos. Entre eles estão Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, e o coronel Jorge Eduardo Naime, ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal.
Em outra frente, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu à Justiça do Distrito Federal que 54 pessoas, 1 associação, 1 sindicato e 3 empresas sejam condenados, de maneira definitiva, a pagar R$ 20,7 milhões ao poder público em razão dos estragos causados pelos atos extremistas. Até então, a ação pleiteada era cautelar, ou seja, antecipava os efeitos de uma decisão.