Publicada em 10/02/2023 às 14h48
Araújo chegou a ser cassado em seguida.
Mas outro Araújo que não guarda parentesco com Valter, o emedebista José Francisco de Araújo, o Zequinha, do MDB, ainda tem pendências a acercar com a Justiça de Rondônia.
A 1ª Vara Criminal de Porto Velho, num despacho proferido pela juíza Roberta Cristina Garcia Macedo, marcou para o dia 07 de julho deste ano – daqui a cinco meses –, a audiência de instrução e julgamento nos autos em que Zequinha é acusado pelo Ministério Público (MP/RO) pelo suposto crime de corrupção passiva.
De acordo com o site do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) o crime de corrupção passiva se dá quando “é o próprio funcionário quem solicita ou recebe, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem indevida, ou aceita promessa de tal vantagem, desde que tais fatos ocorrem em razão da função, ainda que fora dela ou antes de assumi-la. A pena prevista para este crime é de reclusão, de um a oito anos, e multa”.
No processo, Zequinha Araújo deve ser considerado inocente até o trânsito em julgado eventual sentença condenatória, usufruindo do legalmente do direito ao contraditório e à ampla defesa.
Em 2017, o ex-deputado concedeu entrevista exclusiva ao Rondônia Dinâmica alegando inocência quando questionado sobre o assunto.
RELEMBRE A ENTREVISTA
RD Entrevista – Zequinha Araújo, de campeão de votos ao amargor da derrota
TRANSCRIÇÃO DO TRECHO EM QUE ABORDA O ASSUNTO:
Rondônia Dinâmica – Vereador, em 2011 o senhor foi alvo de uma acusação muito séria referente à Operação Termópilas. A informação revelou que a Polícia Federal o flagrou recebendo propina do então assessor direto do ex-presidente da ALE/RO Valter Araújo, Rafael Santos Costa. Esse dinheiro, segundo consta, teria sido guardado em uma de suas meias. O que tem a dizer sobre isso?
Zequinha Araújo – É... É até uma questão sigilosa solicitada pelo meu advogado, mas não tenho nada a esconder. Aquela situação ali foi colocada. Foi colocada pelo pessoal. Aquele momento foi muito difícil pra mim porque houve uma injustiça grande. O que me fez passar por isso naquele tempo foi uma questão de dívida de campanha. Uma dívida de campanha muito grande, falei inclusive às autoridades do governo. Me falaram: “Não tem problema, temos um resto de campanha e nós vamos conseguir pagar essa dívida”. Não sei como, mas o Valter Araújo ficou sabendo disso. Ele era, ele era não, ele é um adversário meu muito ferrenho porque, ainda na vereança, votei contra ele numa Mesa Diretora formada à época. Ele ficou chateado comigo, enraivecido. Então ele montou uma maneira para descontar. E também tem outro fator...
RD – Qual?
ZA – Eu estava despontado para ser o prefeito de Porto Velho. Se eu fosse candidato na época poderia chegar lá, pois tinha 60% de intenções de voto em pesquisas, estava bem a frente. E o Valter também tinha a vontade de ser prefeito. Então ele tinha de encontrar um jeito de me derrubar.
RD – Mas de que maneira queriam derrubá-lo?
ZA – Fazendo essas gravações. E essas gravações... Aí falam em dinheiro na cueca... Dinheiro na meia [risos]. Falam em corrupção e mais um monte de coisa, mas nunca fui disso não, graças a Deus. O que vão falando, infelizmente, vai ficando. A Polícia Federal tem a obrigação de investigar da melhor maneira possível, mas chegará o momento em que tudo será mostrado às claras, se Deus quiser. Não tenho um pingo de receio. Nunca, graças a Deus, fiz tal crime. Porque isso é crime, né?
RD – É sim, vereador. E grave...
ZA – Tal crime nunca fiz. Nunca foi preciso fazer. Eu não preciso fazer isso pra poder me eleger. Tenho minha maneira de ser. Tanto é verdade que a população sabe da minha postura, da minha conduta e do meu perfil, que acabei me elegendo de novo agora. Você sabe que teve pessoas dessa mesma operação que foram candidatas, várias delas. Nenhuma conseguiu ganhar. Por quê? Porque eu, o vereador Zequinha Araújo, sou transparente. É esse companheiro que está aqui na sua frente, que não tem malícia. Eu não tenho malícia política! E como não tenho essa malícia não detectei que estava sendo enrolado, jogado às traças. Terminei fazendo parte de um momento, de algo que não tinha nada a ver. Entrei de graça naquele negócio, mas o tempo dirá. Vamos esclarecer tudo isso. A população ficará ciente, com certeza, de que eu não me envolvi com isso. Eu não votei no Valter Araújo [à Presidência da ALE/RO] pra você ter ideia. Não tenho uma conversa que seja com ele, você pode procurar. Não tenho uma conversa, a gente não se dava bem. Na ALE/RO, passei quatro anos lá a "pão e água" mesmo, não teve jeito. Eu falo isso abertamente, não tem problema. Pão e água! Eu não votei no grupo dele. Como seria possível eu ter essa integração com o Valter? Jamais! Também nunca desejei mal a ninguém. Pode ser um inimigo meu, mas jamais desejei ou desejarei mal. Que Deus tome providências e o trate da melhor maneira possível. Ele [Valter] precisa neste momento também. Então, nós estamos aí, continuo o Zequinha Araújo de sempre.
RD – O senhor é inocente, uma pessoa honesta?
ZA – Graças a Deus! Eu não tenho malícia nenhuma, nenhuma! Sou uma pessoa que dorme tranquila. As pessoas às vezes podem dizer que você não presta e coisa e tal, mas a consciência não pesa. Durmo tranquilo.