Publicada em 08/02/2023 às 15h06
Porto Velho – O site Um Só Planeta veiculou matéria intitulada “Retomada de obras de pavimentação na BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, preocupa ambientalistas” [clique para ler na íntegra].
Uma rodovia de 885 km, construída entre 1968 e 1976, rasgando a floresta amazônica entre Manaus e Porto Velho, e que foi abandonada em 1988, deixando um corte que parecia cicatrizado, está de volta ao centro das atenções. Recentemente, a ferida foi reaberta, e está se alastrando por um dos blocos mais preservados do bioma. Trata-se da BR-319, que está sendo reconstruída de forma irregular, pois não há licenciamento ambiental para as obras, como exige a legislação.
A estrada foi planejada e construída na época do chamado “milagre econômico brasileiro” e dos planos grandiloquentes da ditadura militar que então governava o país, com o objetivo de ser um eixo de colonização entre Manaus e Porto Velho, num trecho de floresta fechada e praticamente desabitada. Até seu abandono, o asfalto da rodovia foi mantido pelo governo militar, o que tornava possível fazer uma viagem de carro entre as duas capitais em cerca de 12 horas.
Nos 30 anos em que a estrada ficou abandonada, a floresta retomou seu espaço, destruindo grandes trechos de asfalto, tornando a rodovia praticamente intransitável. Para fazer uma viagem entre Manaus e Porto Velho, só com um veículo com tração nas quatro rodas e combustível de reserva, porque no chamado “trecho do meio”, que se estende por 530 km, do Km 125 ao 655, não há postos de combustível.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) passou a melhorar paulatinamente a estrada desde 2015, o que abriu caminho para a volta à região de grileiros, madeireiros ilegais e toda sorte de exploradores e inimigos da floresta. Depois, cumprindo uma promessa de campanha, o governo Jair Bolsonaro começou a realizar, a partir de 2019, “serviços de manutenção e conservação” da BR-319, tornando possível aos poucos o aumento do tráfego.