Publicada em 10/02/2023 às 08h57
Cem horas de angústia e desespero, centenas de toneladas de escombros, um número de vítimas cada vez maior, resgates emocionantes e a dificuldade para a chegada de ajuda.
É com este balanço que o sul da Turquia e o norte da Síria fecham uma das piores semanas na história na região, após o terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o local na segunda-feira (6).
O número oficial de mortos por conta do tremor passa de 22 mil - a contagem quadruplicou desde segunda-feira (6), e a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que pode chegar a 40 mil.
O avanço das mortes tornou este terremoto o pior e mais mortal dos últimos 80 anos - superando outro tremor em território turco em 1999, que teve 17 mil mortos - e o sétimo mais mortal do mundo (veja aqui a lista completa dos últimos 20 anos).
Até agora, estas são as principais informações sobre o terremoto:
Há 22.191 mortes confirmadas - 18,991 na Turquia e mais de 3.200 na Síria - levando em conta os balanços fornecidos pelo governo nacional e por grupos de resgate que atuam no noroeste do país, controlado por jihadistas e rebeldes.
O terremoto ocorreu na madrugada de segunda-feira (6) no povoado de Kahramanmaras, no sudoeste da Turquia, perto da fronteira com a Síria.
Cerca de 1.500 réplicas foram registradas após o primeiro tremor.
Milhares ainda estão desaparecidos, e mais de 50 mil ficaram feridos.
Mais de 70 países enviaram ajuda humanitária e equipes de resgate, que já chegaram aos dois países - a primeira equipe do Brasil embarcou nesta quinta.
O governo turco declarou estado de emergência por três meses em dez cidades.
O tremor durou cerca de um minuto e meio e teve um raio de alcance de 250 quilômetros, atingindo centenas de municípios.
O epicentro ocorreu a 10 quilômetros da superfície - profundidade considerada muito baixa e que explica, em parte, os efeitos devastadores.
O tremor também foi sentido em Israel, no Iraque, no Chipre e no Líbano. Não há registro de vítimas nesses países.
O raio de alcance do tremor foi de 250 quilômetros e, portanto, foi fortemente sentido em centenas de municípios e cidades dos dois países.
O epicentro ocorreu a 10 quilômetros da superfície — esta é uma profundidade considerada baixa e pode explicar, em parte, o tamanho da destruição provocada.
O tremor também foi sentido em Israel, no Iraque, no Chipre e no Líbano. Não há registro de vítimas ou feridos nesses países.
Foi o pior terremoto desde 1939 na região, muito propensa ao fenômeno por ser uma área de encontro de placas tectônicas.
A OMS afirmou que o número de vítimas pode chegar a 40 mil.
Mais de 10 mil pessoas ficaram feridas, e milhares ainda estão desaparecidas.
Também nesta sexta-feira (10), a ajuda humanitária começou a chegar na Síria - a região afetada pelo terremoto nesse país é controlada por rebeldes, rivais ao presidente do país, Bashar al-Assad, que é quem oficialmente recebe toda a ajuda enviada por outros países.
Bashar al-Assad, que visitou nesta sexta à região, é acusado de não estar distribuindo a ajuda por conta da rivalidade.
Para acelerar o socorro à Síria, a ONU abriu nesta sexta-feira um corredor humanitário entre o sul da Turquia e o norte sírio. Ancara afirmou também estar estudando abrir as fronteiras na região para facilitar a entrada de ajuda no país vizinho. A OMS disse nesta sexta que os recursos de resgate e manutenção das operações na Síria estão perto de terminar.
Essa ajuda é crucial, também para sobreviventes e pessoas que tiveram suas casas destruídas - a Turquia estima em mais de 50 mil esses afetados só na Turquia. Eles passaram a noite sob temperaturas negativas e sem aquecimento, dependendo apenas da alimentação e mantimentos da ajuda internacional.
Histórias emocionantes do resgate
Apesar de todas as dificuldades, as equipes de busca têm conseguido fazer resgates bem-sucedidos e emocionantes, superando expectativas.
Nesta sexta, uma mulher e seu bebê de apenas dez dias foram resgatados com vida após ficarem mais de cem horas sob os escombros, segundo o governo turco.
Ao longo da semana, o trabalho das equipes de resgate também gerou histórias de superação e outras devastadoras, entre elas:
Um pai, sentado em uma cadeira, segurando a mãe da filha adolescente, que não resistiu aos ferimentos e morreu sob os escombros.
Uma família inteira salva com vida diante dos aplausos e da vibração de quem acompanhava o resgate.
Uma bebê nascida sob os escombros, retirada com cordão umbilical de lá, ainda com vida mas já sem sua mãe e seu pai, que morreram no local.
Terremoto na Turquia e na Síria: veja fotos do dia seguinte
Tremor de magnitude 7,8 deixou mais de 5 mil mortos na Turquia e na Síria, na madrugada de 6 de fevereiro de 2023. No dia seguinte, milhares de pessoas ainda estavam desaparecidas.
Frio
O frio extremo e a quantidade de escombros - as áreas atingidas tinham muitos edifícios - complicam os trabalhos.
O vice-presidente turco, Fuat Oktay, reconheceu esta semana que as condições climáticas severas dificultaram os resgates e o envio de ajuda às regiões afetadas.
Oktay disse que, diante das dificuldades, apenas veículos de resgate e ajuda estão autorizados a entrar ou sair de Hatay, Kahramanmaras e Adiyaman, três das províncias mais afetadas.
As operações de resgate estão se concentrando nessas três províncias e em Malatya.
Conflitos na Síria
Na Síria, os tremores abalaram principalmente o noroeste do país, que é controlado por jihadistas e rebeldes, o que dificulta o socorro às vítimas. Os países que não têm relação com o governo sírio estão enviando doações diretamente a ONGs para ajudar os impactados pelo terremoto.
Nesta sexta, a Organização das Nações Unidas (ONU) disse ter conseguido enviar seis funcionários à região, que coordenam trabalhos.
Brasileiros na Síria relatam como foi a madrugada em Alepo
Os terremotos que atingiram a Síria e a Turquia nesta segunda-feira (6) deixaram brasileiros desabrigados em território turco, de acordo com o conselheiro da Embaixada do Brasil na Turquia Marcelo Viegas. Não há informações sobre brasileiros mortos ou feridos pelos tremores.
Os brasileiros Lucas Saad e Gabriela Waked estavam em Alepo, na Síria, durante o terremoto. Os dois são produtores de conteúdo e estão fazendo uma viagem longa — Gabriela está viajando há dez meses, Lucas está dando uma volta ao mundo.
Eles contaram que estavam dormindo no quarto de um hotel em Alepo quando foram acordados pelo tremor.