Publicada em 23/02/2023 às 11h28
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, participou nesta quinta-feira (23) da abertura do ano letivo na Itália em evento na Universidade de Estudos de Palermo, na Sicília, e falou sobre temas relevantes para a área, como a migração, as crises atuais e a produção de energia. O evento ainda conta com a presença do mandatário italiano, Sergio Mattarella.
A líder do Executivo europeu começou seu discurso ressaltando a importância do bloco e dizendo que "na hora mais escura, nós encontramos nossa força interior".
"As provações desses últimos três anos foram, provavelmente, as mais difíceis já enfrentadas pela Europa. Primeiro a pandemia e suas repercussões econômicas, depois a guerra [da Ucrânia] e o aumento no preço do custo de vida. Mas, essas crises nos ensinaram várias coisas e aprendemos que os destinos dos europeus são interligados entre si", pontuou.
"Quando precisamos das vacinas, nós fizemos de uma maneira que fossem distribuídas ao mesmo tempo em toda a Europa e pelo mesmo preço. Quando traçamos o nosso plano de retomada, nós nos concentramos nas regiões que tinham mais necessidade de apoio. E quando a Rússia fechou as torneiras do gás, tornando nossas contas muito mais caras, nós respondemos com a entrega da solidariedade europeia, protegendo as famílias e as empresas mais frágeis", acrescentou.
Focando nas questões mais regionais, já que a Sicília é uma das principais áreas que recebem os migrantes que vêm pelo Mar Mediterrâneo, Von der Leyen ressaltou que uma "solução europeia" para a questão é algo possível.
"Precisamos combater os atravessadores e os traficantes, dialogar com países parceiros, colaborar na repatriação de quem não tem o direito de ficar - e precisamos fazer isso em nível europeu. A Europa deve estender a própria solidariedade a todos os Estados-membros e para as comunidades locais. E é nesse espírito que propomos o novo pacto sobre a migração e o asilo porque cada um deve fazer a sua parte", disse ainda aos presentes.
Para Von der Leyen, a Sicília "é a terra tanto da imigração como da emigração", citando o fluxo de cidadãos que deixam a região em busca de uma vida melhor no centro-norte da Itália, as áreas mais ricas. O sul italiano, por sua vez, é o mais pobre do país.
"De um lado, vocês acolhem há anos inúmeras pessoas que desembarcam nas vossas costas. Do outro, muitos jovens como vocês escolhem ir embora para seguir suas aspirações em outro lugar. No fundo, é isso que incentiva a migração: buscar uma oportunidade, seguir um sonho. Mas muitas vezes, para quem cai nas mãos dos traficantes, o sonho se transforma em um pesadelo. Não é assim que as coisas têm que ser", ressaltou aos estudantes.
Citando o modelo de "corredores humanitários" criados na Sicília, a presidente da Comissão destacou que essa é uma "alternativa segura e um modelo que a UE deve e pode apoiar".
A chefe do Executivo ainda afirmou que a Sicília pode se tornar um "ponto estratégico" para a produção de energia limpa na Europa porque a área tem "sol e vento em abundância e também uma sólida base industrial no setor das energias limpas".
"E a Sicília é crucial para a transição energética também por outro motivo. A poucas milhas das vossas costas, há aquele que pode se tornar um outro gigante da energia limpa: a África", pontuou.
Guerra na Ucrânia
Von der Leyen dedicou uma boa parte de seu discurso para falar sobre a invasão da Rússia na Ucrânia, que completa um ano nesta sexta-feira (24), e disse que Kiev está combatendo por "valores da União Europeia" também.
"Visto da Sicília, pode parecer um conflito distante, mas não é. Os jovens ucranianos compartilham os mesmos desejos e valores que vocês, que são os mesmos de todos os jovens europeus. Querem ser independentes e donos do próprio futuro e querem viver em um país livre e democrático. [...] Putin nega a Ucrânia o direito de existir e atacando-a há um ano, atacou os princípios da soberania e da integridade territorial, os princípios da democracia", disse aos presentes.
Reforçando que o bloco estará ao lado da Ucrânia "por todo o tempo necessário", Von der Leyen afirmou que a UE conseguiu responder a Putin reduzindo a dependência europeia do gás russo.
"A Itália reduziu em dois terços a importação do gás russo, em tempo recorde. A UE, em oito meses, reduziu 80% as importações do gás russo", acrescentou.