Publicada em 09/03/2023 às 09h09
Porto Velho, RO – A paz e o amor incontestes que pairavam sobre a relação Prefeitura de Porto Velho e Câmara de Vereadores, há muito, criou fissura significativa no decorrer da semana.
Isto, em decorrência de todo o imbróglio envolto à discussão Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU).
Reajusta. Não reajusta. Parcela. Não parcela. Dilui em dez anos. Estende prazo. O Ministério Público (MP/RO) mandou. O MP/RO não mandou. O Tribunal de Contas (TCE/RO), então, determinou. O TCE/RO não determinou. O Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Rondônia – 24ª Região, (CRECI-RO) avalizou. Não, não. Não avalizou nada. Então a culpa é do prefeito. Também não. Ou seja, só pode ser dos vereadores. Óbvio que não.
Este é o grau de complexidade acerca do assunto onde o impacto social gera as primeiras sequelas eleitorais antecipadas.
A constatação foi feita pelo próprio mandatário da Capital, Hildon Chaves, do União Brasil. Ao vivo, durante entrevista concedida ao programa Papo de Redação, da Parecis FM, 98,1, o alcaide “depositou” na conta do Podemos, legenda dirigida regionalmente pelo ex-deputado federal Léo Moraes, o agravamento das deliberações que visavam dirimir a celeuma administrativa.
Aliás, Chaves deixou claro que na visão dele há, no objetivo do Podemos, um propósito de antecipar o processo eleitoral de 2024, o qual, reitera, não participará. Não participará por impedimento legal, vez que já fora reconduzido em 2020; porém, lado outro, tentará – como todos fazem –, deixar um sucessor de sua predileção.
Então, após assinalar contra o Podemos, nominou Léo Moraes e os vereadores Gilber Mercês e Ellis Regina, correligionários do primeiro, como responsáveis pelo travamento ligeiro da solução à mixórdia.
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Portanto, o debate acerca do IPTU se transformou em arena revivendo um embate regional histórico iniciado em 2016, quando Moraes foi levado à lona pelas urnas tanto no primeiro quanto no segundo turno daquele pleito em que visara a Prefeitura de Porto Velho.
A rivalidade foi fermentada com o passar dos anos e Moraes amargou novos reveses mesmo não “duelando” diretamente contra Hildon.
Em 2020, na campanha, por exemplo, o ex-deputado apoiou incondicionalmente Cristiane Lopes, hoje congressista do União Brasil, e toda sua envergadura política não foi capaz de frear o retorno do ex-promotor às rédeas do Executivo municipal.
Ano passado, ele mesmo foi candidato à sucessão de Marcos Rocha – apoiado por Chaves –, também do União Brasil, e ficou fora da peleja eletiva já no primeiro turno, perdendo tanto para o militar reeleito quanto para o senador licenciado Marcos Rogério, do PL.
Por ironia do destino, aos 45’ do segundo tempo, e no turno seguinte, ambos, Léo e Hildon, terminaram no mesmo palanque, o de Rocha, quando, curiosamente, o ex-parlamentar teve sua primeira vitória, ainda que dividida, nesse vasto handicap favorável ao seu algoz político.
E tirando os “titãs”, que são as autoridades com ressonância junto à sociedade comprovada em urna, há figuras nanicas em termos de referendo popular orbitando a questão para “morder” politicamente as consequências eleitorais da discussão travada por ora com amplo envolvimento da população portovelhense.
Como um ex-deputado que defendia ganhar R$ 5 mil de auxílio-alimentação – além do garboso salário. Agora surge, de novo, com outra associação e cheio de boa vontade visando os interesses da população de Porto Velho.
Outro, que também se esgueira por aí tentando galgar um naco de atenção – e se possível cargos de indicação política –, vive do sobrenome do tio, e também, de uma hora para outra, resolveu, desinteressadamente, proteger os direitos do contribuinte.
Ano passado tentou elevar Marcos Rogério ao Poder, mas, assim como o assessorado, amargou a derrota. E pior que perder: acabou agredindo um cidadão no meio da rua, perdendo as estribeiras.
Resumidamente, seja futuro candidato forte, como Léo Moraes ou alguém indicado por Hildon Chaves, seja uma pedrinha incômoda no sapato, como os dois últimos casos apontados – que não têm voto –, a campanha de 2024 está escancarada. E é muito difícil remediar o estrago, incluindo, aí, a política de boa vizinhança entre Prefeitura de Porto Velho e Câmara de Vereadores.
O IPTU foi só o soar do gongo.