Publicada em 16/03/2023 às 10h05
Japão e Coreia do Sul anunciaram medidas para fortalecer seus laços diplomáticos e comerciais no início da visita do presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, ao Japão.
O presidente sul-coreano chegou nesta quinta-feira (16) a Tóquio para uma visita de Estado, a mais importante deste nível em 12 anos.
A viagem ocorre após o plano apresentado por Seul no início de março para indenizar os sul-coreanos submetidos a trabalhos forçados pelo Japão durante a primeira metade do século XX.
Novos passos para a reconciliação foram anunciados nesta quinta-feira, com a decisão dos dois países de restabelecer suas visitas diplomáticas regulares.
O Japão também suspenderá as restrições à exportação de materiais semicondutores para a Coreia do Sul, introduzidas em 2019, e Seul retirará sua reclamação à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre isso.
Horas antes da chegada de Yoon a Tóquio, a Coreia do Norte disparou um míssil balístico intercontinental (ICBM) no mar do Japão.
O presidente sul-coreano fez da restauração dos laços com o Japão uma de suas principais prioridades desde sua eleição há um ano.
Na quarta-feira, em entrevista a vários veículos de comunicação antes de sua viagem, ele descreveu a crescente cooperação com o Japão como um “novo capítulo” histórico para os dois países.
“Devemos encerrar o ciclo vicioso de hostilidade mútua e trabalhar juntos para buscar os interesses comuns de nossos dois países”, disse Yoon.
– Disputa histórica –
O passado entre os dois países pesa muito em suas relações, marcado pelo período sombrio da colonização japonesa da península coreana (1910-1945) e, em especial, pela questão das coreanas submetidas à escravidão sexual por soldados japoneses durante a Segunda Guerra Mundial.
Uma decisão judicial sul-coreana de 2018, que ordenou que algumas empresas japonesas pagassem indenizações por trabalho forçado durante a ocupação, abriu uma nova crise nas relações bilaterais, com o estabelecimento de barreiras comerciais recíprocas e o fim da cooperação em várias áreas.
O Japão considera que a disputa histórica foi resolvida em 1965 com a normalização das relações bilaterais, por meio de um pacote de empréstimos e ajudas financeiras concedidas por Tóquio a Seul.
Yoon e o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida devem conceder uma coletiva de imprensa conjunta.
Até agora, os dois líderes só se encontravam à margem de eventos internacionais.
Yoon quer deixar a disputa histórica para trás, buscando uma aproximação maior com Tóquio, um importante aliado regional dos Estados Unidos, diante de uma ameaça crescente da Coreia do Norte.
A reaproximação entre Seul e Tóquio foi bem recebida internacionalmente, especialmente por Washington, ansioso pela reconciliação de seus dois aliados asiáticos mais próximos.