Publicada em 23/03/2023 às 11h12
A maioria dos refugiados, que chegam à Etiópia devido aos combates que acontecem desde fevereiro na cidade de Las Anod, são mulheres, crianças, idosos com necessidades específicas que chegam "sem nada, assustados e famintos", de acordo com um comunicado conjunto.
Os combates provocaram ainda centenas de milhares de deslocados internos, acrescenta-se no documento, que é assinado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Programa Alimentar Mundial, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Fundo das Nações Unidas para a População, Organização Mundial da Saúde e a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Ao apelo juntaram-se as organizações não-governamentais (ONG) Goal Global, Conselho Norueguês para os Refugiados, Organização para o Desenvolvimento Sustentável e o Fundo de Desenvolvimento OWS.
No comunicado salienta-se que entre os refugiados há um "grande número" de menores não acompanhados e que a situação humanitária no terreno "é terrível, com desnutrição aguda moderada observada em muitas crianças com menos de 5 anos de idade, e em mulheres grávidas e lactantes".
"O Governo etíope e as comunidades locais têm sido generosos no acolhimento dos refugiados, oferecendo-lhes toda a assistência possível, mas com a continuação da chegada, os recursos já estão esgotados", disse Clementine Nkweta-Salami, diretora do Gabinete Regional do ACNUR para a África Oriental, Corno de África e região dos Grandes Lagos.
Os combates eclodiram em 06 de fevereiro em Las Anod, o centro administrativo da região Sool, entre forças e grupos de milícias da Somalilândia, depois de líderes locais representados na denominada Autoridade de Unidade e Salvação das regiões de Sool, Sanaag e Cayn terem declarado a intenção de voltar a integrar a Somália federal.
A Somalilândia declarou a sua independência da Somália em 1991, mas não obteve amplo reconhecimento internacional pelo seu estatuto e enfrentou a oposição de alguns anciãos de clãs em áreas disputadas ao longo da sua fronteira com o estado semiautónomo de Puntland, na Somália.