Publicada em 06/03/2023 às 11h11
Sendo um dos países mais fechados e autoritários do mundo, a Eritreia é governada com mão de ferro desde a sua independência da Etiópia, em 1993, pelo Presidente Issaias Afeworki.
"A situação dos direitos humanos na Eritreia continua terrível e não mostra sinais de melhoria. Continua a ser caracterizada por graves violações dos direitos humanos", refere um relatório apresentado pelo vice-alto comissário do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Nada Al-Nashif.
A ONU diz que também continua a "receber informações credíveis", em particular sobre "tortura", "condições de detenção desumanas" ou mesmo "desaparecimentos forçados".
"É alarmante que todas essas violações dos direitos humanos sejam cometidas com total impunidade", sublinhou o relatório, apontando também para a "falta de cooperação" das autoridades de Asmara.
O país do Corno de África tem uma política de recrutamento militar por tempo indeterminado, que se intensificou "em consequência do conflito em Tigray", no norte da Etiópia.
As tropas eritreias apoiaram as forças do governo etíope na ofensiva lançada, em novembro de 2020, contra as autoridades rebeldes da região de Tigray, no norte da Etiópia, a Frente de Libertação do Povo de Tigray (TPLF), inimigo do regime de Asmara.
Os Estados Unidos da América e organizações de direitos humanos acusaram as forças militares da Eritreia de cometerem atrocidades durante o conflito na Etiópia, incluindo o massacre de centenas de civis, principalmente na cidade de Aksoum ou na aldeia de Dengolat.
O preço exato desse conflito, marcado por abusos, que ocorreram em grande parte à porta fechada, é desconhecido. O enviado da União Africana para o Corno da África, Olusegun Obasanjo, disse em meados de janeiro que se estima que tenham sido mortas cerca de 600.000 pessoas.
Durante uma rara conferência de imprensa, dada em Nairóbi ao lado de seu homólogo queniano William Ruto, Issaias Afeworki rejeitou as acusações de violações dos direitos humanos pelo seu exército em Tigray, considerando-as uma "quimera" e "desinformação".
Um acordo de paz assinado em novembro prevê a retirada das tropas eritreias da Etiópia, mas esta "continua muito lenta e em grande parte incompleta", segundo o relatório apresentado pela ONU.