Publicada em 28/03/2023 às 09h14
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou nesta terça-feira (28) que uma frota naval disparou mísseis antinavio contra um alvo simulado no Mar do Japão durante exercícios militares.
As manobras acontecem uma semana depois de o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, visitar a Ucrânia. O Japão tem mostrado alinhamento com os Estados Unidos e a Europa na condenação da Rússia pela ofensiva na guerra da Ucrânia e na aplicação de sanções.
"Nas águas do Mar do Japão, navios com mísseis da Frota do Pacífico dispararam mísseis de cruzeiro Moskit contra um alvo inimigo simulado no mar", afirmou o ministério no Telegram.
Segundo o comunicado, dois navios participaram do exercício e atingiram o alvo simulado, a cerca de 100 quilômetros de distância.
A realização de manobras pela Rússia na região é incomum. Também nesta terça, o ministro das Relações Exteriores do Japão , Yoshimasa Hayashi, afirmou haver uma "multiplicação de atividades do Exército russo no Extremo Oriente, incluindo as áreas próximas do Japão".
Desde o início deste ano, Moscou tem buscado aproximação com a China - na semana passada, pela primeira vez desde o início da guerra, o presidente chinês, Xi Jinping, visitou a capital russa e se encontrou com o presidente do país, Vladimir Putin.
"Vamos continuar vigiando de perto os movimentos do Exército russo", declarou o ministro.
A Rússia afirmou na semana passada que dois aviões bombardeiros estratégicos Tu-95 fez "voos no espaço aéreo sobre águas neutras no Mar do Japão".
A costa russa do Pacífico é separada do Japão pelo estreito Mar do Japão.
O governo japonês não comentou o exercício militar russo.
Mandado de prisão a Putin
Putin tenta ganhar influência no Oriente depois de o Tribunal Penal Internacional, baseado em Haia, na Holanda, emitir um mandado de prisão contra o líder russo pelo crime de "deportação ilegal" de crianças da Ucrânia à Rússia.
Moscou já vinha sendo acusada por organizações não-governamentais, por Kiev e até por uma investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) de sequestrar crianças em regiões ucranianas tomadas pelo Exército do país e de levá-las para centros de "reeducação" em território russo. O próprio Kremlin já admitiu o envio dos jovens ucranianos à Rússia, mas alega tratar-se de órfãos.
A guerra da Ucrânia completou um ano no fim de fevereiro, com a perspectiva de seguir se arrastando ao longo de 2023 e ameaças de Moscou de uma retomada de territórios. O governo russo também tem dado indícios de uma possível parceria com a China.
Kiev, por outro lado, tem se apoiado no envio de armas e equipamentos militares por países do Ocidente, com os tanques alemães Leopard 2, para conseguir expulsar as tropas russas, que controlam atualmente cerca de 20% do território ucraniano, no leste do país.