Publicada em 31/03/2023 às 14h38
Serviços secretos russos estariam tramando, com ajuda de firma de TI de Moscou, atentados contra sistemas em todo o mundo, incluindo contra instalações de infraestrutura crítica.
Os serviços secretos russos planejam, junto com uma empresa de TI de Moscou, ataques cibernéticos em todo o mundo, incluindo contra instalações de infraestrutura crítica, de acordo com informações divulgadas pela mídia nesta sexta-feira (31/03).
Segundo apurações de um consórcio internacional de mídia – incluindo veículos alemães como a revista Der Spiegel, a emissora estatal ZDF e o jornal Süddeutsche Zeitung –, a revelação é resultado de um vazamento de dados originados do aparato de segurança russo e de uma empresa russa de TI.
Documentos de treinamento supostamente identificam possíveis alvos para ataques, incluindo "desabilitar sistemas de controle de transporte ferroviário, aéreo e marítimo" e "interromper as funções de empresas de energia e infraestrutura crítica".
Segundo os documentos, um dos objetivos do programa é usar um software especial para descarrilar trens ou paralisar computadores de aeroportos.
Vulkan Files
Os dados vazados incluem milhares de páginas de documentos internos da empresa de TI de Moscou NTC Vulkan, como e-mails internos e documentos de transferência bancária da empresa.
Conforme a reportagem, os documentos mostram como os serviços secretos russos planejam e realizam operações de ataques cibernéticos em todo o mundo com a ajuda de empresas privadas.
Uma fonte anônima primeiro passou a maioria dos chamados "Vulkan Files" para o Süddeutsche Zeitung logo após o início da guerra de agressão russa na Ucrânia e depois disponibilizou os dados para outras mídias, informa a Spiegel.
A fonte citou como motivo a guerra de agressão da Rússia e os laços estreitos da Vulkan com os serviços secretos.
Experts consideram dados autênticos
Especialistas em segurança cibernética e vários serviços de inteligência ocidentais consideraram os documentos autênticos, de acordo com a reportagem.
Nem a empresa nem o porta-voz do Kremlin quiseram comentar as reportagens. "A Vulkan é um pilar do Estado policial russo. A Vulkan desenvolve software que pode ser usado contra seu próprio povo e contra outros países", relatou um ex-funcionário da Vulkan, segundo a emissora ZDF.
Não foi possível identificar onde e quando os programas foram usados – possivelmente também atualmente na Ucrânia. No entanto, os documentos mostraram que os programas foram comissionados, testados e pagos.
Ataques cibernéticos realizados em nome de Estados são considerados uma arma moderna de guerra e propaganda e geralmente são difíceis de terem sua autoria rastreada. Há algum tempo existem acusações do uso desses recursos pela Rússia para disseminar desinformação através da internet – inclusive na campanha presidencial dos EUA em 2016.