Publicada em 25/04/2023 às 15h28
RESENHA POLÍTICA ROBSON OLIVEIRA
ENTREVISTA
Depois de pouco mais de três meses recolhido da atividade parlamentar para se dedicar a responsabilidades familiares, o senador Marcos Rogério (PL), em entrevista a um veículo de comunicação em Vilhena, avaliou os motivos pelos quais foi derrotado no segundo turno para o governo de Rondônia pelo coronel Marcos Rocha (UB). Entre outras razões, justificou que muitos eleitores alegavam votar no adversário porque queriam que ele (Marcos) permanecesse no Senado Federal.
SOBERBA
Marcos Rogério confirmou que optou em não estabelecer alianças com outras forças políticas seja no primeiro, seja no segundo turno. Aproveitou para alfinetar o governador Marcos Rocha ao declarar que para vencer teve que colocar ao lado pessoas que o atacaram duramente, embora reconheça que governaria com outras forças políticas. Ao não dialogar, recebeu críticas pela decisão adotada na campanha e que muitos avaliam como sendo um dos principais motivos da derrota e que comprovou o lado soberbo que os adversários sempre realçam no senador.
OPOSIÇÃO
Aproveitou a entrevista para se dirigir aos bolsonaristas e informar que se manterá fiel ao discurso extremado contra o governo do presidente Lula. Reafirmou que, no Senado, vai estar na oposição, e classificou o início da administração de Lula de desgoverno. Confirmando seu lado belicoso contra Lula, creditou culpa pelos buracos nas rodovias federais, apesar de apenas quatro meses na condução da administração pública. Anunciou que em junho volta ao Senado com a mesma linha beligerante contra os petistas.
SINALIZAÇÃO
Pela entrevista, Marcos Rogério sinalizou que será candidato à reeleição ao descartar a especulação feita pela mídia nacional sobre uma eventual candidatura de Bolsonaro ao Senado por Rondônia. Especulação que esta coluna também refutou ao citar em avaliação passada.
CONSERVADORISMO
O eleitor rondoniense é historicamente conservador, especialmente no interior, onde predomina uma migração sulista e do sudeste. Isto não foi impedimento para eleger majoritariamente governadores do espectro do centro (Moura, Raupp e Bianco). Com a ajuda de administrações municipais desastrosas dos petistas, deslocou-se para a direita e, em seguida, boa parte para a extrema direita. Municípios polos como Jaru, Ouro Preto, Ji-Paraná, Cacoal, Guajará-Mirim e Porto Velho, governados pelo PT, foram tão mal avaliados que impediram o surgimento de novas lideranças, justa ou injustamente. Ao jogar no lixo êxitos sensacionais nas urnas, os petistas terminaram contribuindo para que o eleitor conservador de Rondônia demonizasse o partido e os seus candidatos. Daí o salto em direção contrária.
CAPITULAÇÃO
Mas o fato é que os erros destas administrações colaboraram para que Rondônia refutasse qualquer candidatura mais progressista. Isto fez com que muitos democratas readequassem o discurso em direção ao extremismo de direita para poder vencer algum pleito. Não é o caso do senador Marcos Rogério que, eleito inicialmente pelo PDT, partido mais à esquerda, sempre flertou com o campo conservador e, atualmente, aposta nesta linha extremada para manter o mandato em 2026. O governo não pode contar com sua eventual capitulação.
PL
Quanto à defenestração da direção estadual do PL para o senador Jaime Bagattoli, ele confirma que não foi avisado, conforme divulgou esta coluna na época. Contudo, adiantou que mantém relação amistosa com o colega de Senado e espera que o partido esteja pronto para as eleições municipais do ano que vem ao lembrar que caberá ao Bagattoli a obrigação de estruturar a legenda para as eleições. Quanto à permanência no PL, disse que ainda vai avaliar o cenário ao retornar às funções em junho, final da licença.
IMPROPÉRIOS
Ao que tudo indica o deputado estadual delegado Rodrigo Camargo (Republicanos) tem o senador emedebista Confúcio Moura como principal alvo da sua fúria política. Ao abordar as questões ambientais, Camargo acusa o senador de mentir para as pessoas que exploram economicamente em áreas de proteção legal. Não é a primeira vez que o deputado açula o senador. Também não é a primeira que ataca Confúcio Moura por regulamentar via decreto as onze áreas que o próprio legislativo destinou para preservação ao votar a lei ambiental. Por enquanto, o senador tem ignorado os impropérios do deputado.
SAGACIDADE
Confúcio Moura é um político com uma larga experiência na disputa eleitoral e de uma sagacidade apurada que sobreviveu ao tempo exatamente por saber desobstruir do seu caminho os adversários de plantão, incluídos aí aliados de longas datas. Conhece como ninguém os bastidores e sabe manipular com maestria os meios para sagra-se vencedor nos fins. O delegado Camargo, seu mais novo predador, que se cuide porque Moura quando é acuado busca um atalho seguro para contra-atacar os desafetos que colocam obstáculos na caminhada.
RECONHECIMENTO
A coluna abre espaço para registrar o passamento para o andar de cima de duas figuras ilustres que nos deixaram neste andar de baixo. Zuza Carneiro e José Neumar, cada qual com suas peculiaridades, ajudaram a escrever a história rondoniense. O primeiro, mestre dos grandes eventos, soube modernizar o colunismo social com tiradas inteligentes e saindo daquela mesmice do elogio fácil para afagar o ego dos “bacanas” de ocasião. Além de um excelente profissional, Zuza era figura amável, agradável e de bom caráter. Já o segundo, um militante que nunca arredou um milímetro das convicções, mesmo quando elas eram difíceis de convencimento, apesar de radicalizar na defesa daquilo que acreditava ser o ideal, mesmo sendo utópico. Neumar era um gentleman no trato com aqueles que com ele divergiam.
MEMÓRIA
Nas mesas do antigo Bangalô, bar que nos anos 80 e 90 reunia toda espécie de gente na capital, Neumar e Odair Cordeiro eram os únicos petistas que a direita sentava na mesma mesa para travar uma boa discussão sem as ofensas mútuas que hoje enchem os espaços das mídias sociais. E Zuza, com seu colunismo vanguardista, reportava tudo no dia seguinte em sua festejada coluna. Faço esse registro em homenagem à memória de Rondônia nem sempre justa com figuras ilustres que ajudaram a escrever nossa história.