Publicada em 20/04/2023 às 11h11
"Alicença de exportação concedida ao Predator e ao Sudão não tem nada a ver com a guerra civil. A guerra civil não foi causada por isto", disse à estação de rádio Realfm o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, o conservador Miltiadis Varvitsiotis.
O governante disse, contudo, que não tem autoridade para assinar tais decisões e que a partir das informações que viu nos meios de comunicação social, "parece que houve uma exportação para o Sudão" do programa de escutas telefónicas.
A exportação deste sistema para o Sudão já tinha sido denunciada há dias pelo principal partido da oposição, Syriza (de esquerda).
O Governo grego, nas mãos do partido conservador Nova Democracia, tinha inicialmente negado esta exportação e acusado o Syriza de inventar uma conspiração.
Em agosto de 2022, foi revelado um caso de espionagem ilegal utilizando o programa, e o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, reconheceu três meses mais tarde que o programa tinha sido utilizado para monitorizar políticos e jornalistas, embora tenha negado o envolvimento do seu Governo na atividade ilegal.
Os confrontos eclodiram no sábado no contexto de um aumento das tensões sobre a reforma do aparelho de segurança e a integração da força paramilitar nas Forças Armadas, parte fundamental de um acordo assinado em dezembro para formar um novo Governo civil e reativar a transição.
Segundo o mais recente balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS), os confrontos já provocaram pelo menos 330 mortos e 3.200 feridos.
O processo de conversações começou com mediação internacional após o chefe do Exército e presidente do Conselho Soberano de Transição, Abdel Fattah al-Burhan, liderar um golpe em outubro de 2021, que derrubou o então primeiro-ministro de unidade, Abdalá Hamdok, nomeado para o cargo como resultado de contactos entre civis e militares após o motim de abril de 2019, que pôs fim a 30 anos do regime de Omar Hasan al-Bashir.