Publicada em 19/04/2023 às 08h37
Professor Nazareno*
Em fevereiro de 2022 a Rússia invadiu a Ucrânia com tropas, tanques e disparos de mísseis hipersônicos. Antes, em 2014, os russos já haviam tomado à força a península da Crimeia que sempre pertenceu aos ucranianos. Apesar dos protestos mundiais, a guerra continua até hoje, mesmo com a decretação de sanções internacionais. Estados Unidos e União Europeia, principalmente, fornecem armas para os ucranianos na vã tentativa de conter a ofensiva russa. A Ucrânia sempre foi um país dividido. Parte de sua população é formada por russos étnicos. As províncias do Donbass no leste do país e quase toda a região da Crimeia são formadas por populações que falam o idioma russo e sempre tiveram ligações com a pátria de Vladimir Putin. O governo russo sempre viu a Ucrânia como parte de seu território e não admite a adesão dela à União Europeia e nem à OTAN.
Distante, essa guerra lá no leste europeu deveria ter poucas chances de apresentar consequências para o Brasil. Mas os toscos presidentes brasileiros insistem em “meter o bedelho” num problema que não lhes pertence e muito menos aos nossos cidadãos, apesar de vivermos hoje em um mundo globalizado. Primeiro foi o desastrado Jair Bolsonaro, que visitou a Rússia às vésperas de o conflito ser deflagrado. Alegou na época que o Brasil precisava do fertilizante russo e que tinha boas relações com eles por causa dos BRICS. Agora é a vez de Lula fazer e dizer besteiras e tolices. Em sua recente visita à China, o “Sapo Barbudo” falou pelos cotovelos e com isso pode ter colocado o Brasil numa situação vexatória perante as grandes potências internacionais. Acusou os Estados Unidos e a União Europeia de fomentarem essa guerra e de não quererem a paz. Um despropósito.
Parece até que Lula aprendeu com o Bolsonaro a falar abobrinhas. Antes, no plano interno, Lula disse, sem provas, que o Sérgio Moro estava com armação no caso do PCC. Aliás, a sua língua solta pode nos causar sérios problemas. Acusar os Estados Unidos e os europeus de prolongar uma guerra abjeta que eles não começaram e nem são os responsáveis é um disparate sem tamanho. A Ucrânia foi invadida e estuprada por uma potência estrangeira. E Lula, dissimulado, defende também o estuprador. Os russos estão tomando à força porções do território ucraniano e esperam que o mundo ocidental aceite isso sem reclamar. O Brasil recebeu o ministro russo Serguei Lavrov e se juntou à Rússia para condenar as sanções sem mencionar que os russos são os agressores. Agindo assim, Lula “detona” nossa diplomacia e nos coloca numa situação humilhante perante o mundo.
Os Estados Unidos já disseram que as falas de Lula sobre a guerra na Ucrânia são muito problemáticas. Já a União Europeia disse que não é verdade que os EUA e os europeus estejam ajudando a prolongar esse conflito. “A verdade é que a Ucrânia é soberana e vítima de uma agressão ilegal, uma violação da Carta das Nações Unidas”, dizem os europeus. China, União Europeia e Estados Unidos são, nessa ordem, os maiores parceiros comerciais do Brasil. Não devíamos criar situações embaraçosas com nenhum deles. A Ucrânia já convidou Lula para visitar Kiev para tentar fazê-lo compreender as razões reais dessa guerra absurda. O presidente Lula, no entanto, precisa ser contido urgentemente por seus assessores senão vai fazer pior do que o Bolsonaro. Sua língua desastrada pode criar mais problemas do que soluções. É guerra? Temos que ficar neutros como sempre e buscar a paz pelos canais competentes. Será que o Lula está ficando gagá?
*Foi professor em Porto Velho