Publicada em 10/05/2023 às 14h52
Por Larina Rosa*
É sem dúvida mais difícil viver em um mundo sem uma das maiores cantoras e compositoras da história da música brasileira. Perdemos ontem Rita Lee, mulher revolucionária na música, na moda, na igualdade de gênero, liberdade sexual e tudo mais que se comprometeu a fazer. Ela que não tinha saúde de ferro mas tinha nervos de aço, nos deixou órfãos depois da luta contra um câncer de pulmão.
Rita sempre foi sinônimo de empoderamento feminino e inspiração para nós mulheres das últimas gerações. Ela que foi genial, original e necessária na produção de letras fortes que falavam sobre amor sexo e liberdade em um ambiente predominante por homens, construiu história na música popular brasileira e segue encantando com seu legado.
A mulher que nos ensinou que nossa força não é bruta, sofreu um estupro aos seis anos na própria casa. Em sua autobiografia de 2016, Rita contou como o segredo foi escondido pelas mulheres da família, que por receio das atitudes dos homens diante da desonra da menina preferiram tratá-la com maiores cuidados.
Apesar, contudo, todavia, mas, porém, as águas rolaram e nossa padroeira da liberdade como gostava de ser chamada, fez o que pode para aproveitar a passagem por aqui, e mesmo com todos os pesares conquistou milhares de fãs.
Nossa ovelha negra foi casada com Roberto de Carvalho por mais de 40 anos e de uma parceria rara onde não existia disputa entre um querendo brilhar mais que outro, fomos beneficiados com as melhores canções de amor dos dois.
A mulher que pedia silêncio berrando e provou que toda mulher quer ser amada, nem toda brasileira é bunda, virou tabus de ponta-cabeça e nos deixou com manias, será lembrada sempre como autêntica, e mesmo que vivesse reclamando da vida carregava uma vontade danada de viver.
Rita agora falta você, mas estamos agradecidos. Mesmo com os pesares do mundo você contribuiu deixando ele um pouco melhor, cheio de graça e conseguiu do seu jeito único e inspirador, fazer um monte de gente feliz.
*Jornalista rondoniense que acredita na luta contra a violência de gênero e igualdade de direito das mulheres