Publicada em 25/05/2023 às 15h48
Ao comemorar o 75º aniversário das operações de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres destacou que mais de 4.200 soldados de paz foram mortos em prol da paz, sendo 103 deles no ano passado. Esses soldados vêm de 39 países, dos 125 que contribuem com tropas para as 12 missões da ONU em todo o mundo.
Nos últimos 75 anos, mais de dois milhões de capacetes azuis serviram sob a bandeira da ONU.
"Guterres afirmou: "Para os civis presos no inferno do conflito, nossos capacetes azuis são um farol de esperança e proteção. Eles apoiam a segurança, a estabilidade e o Estado de direito nos países anfitriões. Eles representam o coração pulsante do compromisso das Nações Unidas com a paz", disse Guterres na sede da ONU, em Nova York.
Depois de colocar uma coroa de flores no memorial que homenageia as mulheres e homens que morreram em missões de paz coordenadas pela ONU, Guterres enfatizou que 87 mil capacetes azuis enfrentam atualmente uma série de crescentes tensões e divisões globais, com conflitos se tornando mais complexos e os processos de paz estagnados.
"Infelizmente, nossos soldados da paz estão cada vez mais trabalhando em lugares onde não há paz para ser mantida. Devemos refletir seriamente sobre a necessidade de uma nova geração de missões de paz e operações de combate ao terrorismo, lideradas por nossos parceiros com mandato do Conselho de Segurança da ONU, com financiamento garantido, incluindo contribuições fixas", apelou.
Entre os principais desafios enfrentados pelas missões de paz da ONU, o ex-primeiro-ministro português destacou o terrorismo, grupos armados, violência de gangues e crimes transnacionais que "envenenam comunidades, países e regiões inteiras".
Além disso, o mundo digital também se tornou uma "fronteira assustadora de tensão, divisão, ódio e desinformação", avaliou o secretário-geral.
Por sua vez, o subsecretário-geral das Nações Unidas para as Operações de Paz, Jean-Pierre Lacroix, ressaltou que o maior desafio das operações de paz é o mesmo enfrentado pelas Nações Unidas: "a crescente divisão" dentro da comunidade internacional, especialmente no Conselho de Segurança.
Lacroix criticou as divisões entre as grandes potências no Conselho de Segurança da ONU, afirmando que essas divisões enfraquecem as forças de paz da organização internacional.
Em declarações à imprensa, Lacroix também enfatizou que os ataques contra os capacetes azuis estão se tornando "cada vez mais violentos e sofisticados", e que há um aumento da desinformação e informações falsas sendo utilizadas contra as missões de paz.