Publicada em 01/05/2023 às 09h25
Porto Velho, RO – Ao longo dos últimos dez anos, Mariana Carvalho, atualmente no Republicanos, foi se transformando politicamente. Deixou o espírito social-democrata morrer dentro de si, junto à derrocada da sua antiga legenda, e, ao pular do ninho para se salvar, tratou logo de pendurar-se às saias do bolsonarismo.
E não o fez só no gogó. A emulação foi tanta que, de repente, até a indumentária passou a ser verde-e-amarela, lembrando a vestimenta do espalhafatoso Luciano Hang, o “véio” de Havan.
Soou, a princípio, como caricatura. E como toda a caricatura, fora tratada como tal. Justamente por isso, ao tentar desesperadamente colocar as mãos numa bandeira já hasteada por outros adeptos de Jair, como o vencedor Jaime Bagattoli, do PL, por exemplo, sofreu o amargor de um novo revés. Isto, relembrando o sabor da derrota que só havia sentido no palato eletivo em 2012, quando concorreu à Prefeitura da Capital após quatro anos na vereança de Porto Velho. À ocasião, eliminada ainda na primeira fase da contenda por Mauro Nazif, do PSB, e Lindomar Garçon, do PV.
Em suma, no seu histórico, o dissabor aparece nas circunstâncias em que tenta dar um passo maior do que a perna.
Lado outro, quem planta, colhe, ensina a Lei de Semeadura.
E apesar de ser obrigada a esperar dois anos em stand-by, Mariana Carvalho está construindo envergadura suficiente para pousar no Poder em 2024, quando concorrerá à sucessão de Hildon Chaves, do União Brasil, muito provavelmente com apoio dele que até hoje surfa na “crista da onda” em termos de popularidade.
Chaves foi eleito em 2016, reeleito em 2020, e contribuiu sobremaneira à recondução do governador Marcos Rocha, seu colega de legenda, às rédeas do Palácio Rio Madeira.
Com a força da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), e seus principais expoentes, incluindo o presidente nacional da sigla, o deputado federal Marcos Pereira, de São Paulo, com a benção do todo-poderoso Edir Macedo, Mariana fora citada especificamente no texto elaborado pelo jornalista Ricardo Chapola. Em Rondônia, a maior liderança da agremiação é Alex Redano, ex e futuro presidente da Assembleia (ALE/RO).
“Das cerca de 5.000 cidades existentes no país, 211 estão sob controle do partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Pereira, aliás, é bispo licenciado da instituição e figura próxima ao bispo Edir Macedo, chefe da entidade. Com o acerto dessa semana, o Republicanos quer chegar ao poder em mais de 400 prefeituras brasileiras”, indica a veiculação.
Que complementa:
“Outro foco é concentrar esforços para ampliar a influência da sigla nas capitais. Uma das prioridades é eleger a ex-deputada Mariana Carvalho em Porto Velho (RO)”, indica.
Trocando em miúdos, a ex-senadora está sendo forjada para ser a postulante imbatível, rodeada de forças políticas e instituições pesadíssimas, tornando a futura peleja tarefa árdua para seus possíveis adversários.
Se fez escolhas erradas abrindo mão de uma postura orgânica na vida pública não há dúvidas, porque a colheita é certa em relação ao que se planta. Porém, apesar da “bola fora”, a condição cíclica das disputas lhe confiará nova oportunidade para chegar lá com todo esse arcabouço arregimentado envolvendo sinergia total. Isto é, apoio político maciço e da maior instituição religiosa do Brasil.
E é isso que seus opositores têm de ter em mente desde já.
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