Publicada em 30/05/2023 às 09h10
Porto Velho, RO – Uma das figuras centrais na gestão Coronel Marcos Rocha, desde o início, lá em 2019, quando o militar ainda figurava nas fileiras do PSL – que veio a se fundir com o DEM, tornando-se o União Brasil –, é o empresário José Gonçalves da Silva Júnior, conhecido, popularmente, como Júnior Gonçalves.
Aliás, antes de alcançarem juntos o Poder, na campanha de 2018, quando a postulação do atual mandatário do Palácio Rio Madeira não era mais do que uma incógnita, o sujeito que se tornou o mais leal membro do estafe administrativo, e um dos melhores [explicação adiante, ainda neste texto] chefes da Casa Civil rondoniense, já estava lá nas “trincheiras”.
Nunca foi unanimidade.
Havia muito mais do que “narizes torcidos” em sua direção quando tomou posse no ofício que, a despeito de não ordenar despesas, figura como a mais salutar no auxílio a um chefe do Executivo.
A Casa Civil é responsável por conversar com os demais Poderes, órgãos de fiscalização e controle, estender o tapete da gestão à sociedade de modo geral e imprimir um ritmo de consonância, de paz, harmonia, conciliando interesses mútuos, dirimindo eventuais conflitos.
Conforme o tempo passou, Júnior firmou-se no mister, e, além do aval interno, passou também a ser respeitado por organismos “de fora”, como os próprios deputados estaduais. Ele chegou a ser homenageado na Assembleia Legislativa (ALE/RO).
Em junho de 2022, quando homenageado pelo Legislativo, o então presidente da Casa de Leis, Alex Redano, do Republicanos, disse:
"Pela primeira vez também, um homenageado fez vir para este plenário tantas lideranças, tantas pessoas para prestigiá-lo. No primeiro contato, ele falou que era inexperiente na política, mas demonstrou a sua disposição em trabalhar. Junior Gonçalves é a cara da nova política. Ele é do bem e representa muito a cara da gestão do governador Marcos Rocha, um Governo que estende a mão amiga aos municípios, de forma verdadeira, sem olhar para partidos políticos", destacou à época.
E incluiu:
"Esse cargo [chefe da Casa Civil] é um dos mais difíceis e o seu apelido de 'maestro', não é à toa. Não é fácil. Por isso, admiro muito por tudo o que vem fazendo e parabenizo ao governador pela escolha acertada, ao escolher Junior Gonçalves para chefiar a Casa Civil", complementou.
Depois disso, foi considerado um dos maiores responsáveis pela recondução de Rocha ao posto de Governador do Estado de Rondônia nas eleições do ano passado.
Assim que venceu – de novo –, “cobrou” publicamente os traidores, lideranças que abandonaram o barco, abraçando a candidatura do derrotado Marcos Rogério, do PL, que perdeu tanto no primeiro quanto no segundo turno.
Passados cinco meses do segundo mandato que ajudou a construir, Gonçalves, como bem pontuou Redano, vivencia o ápice da dificuldade em sua posição.
Acostumado a lidar com “alienígenas”, ou seja, “corpos estranhos”, abriu a guarda e hoje recebe uma forte ofensiva de onde menos se espera: aliados.
Quem confidencia o enfrentamento é um representante das hostes legislativas ligado ao grupo palaciano. Sem querer se identificar, a fim de evitar maiores problemas para si, o parlamentar se limita a pontuar:
“Ele ajudou muitas pessoas a emergir. De uns tempos pra cá muitos daqueles que ele ajudou viraram as costas e esqueceram-se do cara", indicou.
Desde que entrou na política, Júnior Gonçalves descobriu o “mel”, mas também prova rotineiramente o amargor do “fel”.
Ele sofreu vários golpes em sua trajetória, pessoas desgastaram sua imagem, e trabalharam para que lidasse com acusações às quais jamais encontraram ressonância junto à realidade, vez que totalmente carentes de provas.
O chefe da Casa Civil, portanto, foi testado, passou pelo “pente-fino” e ainda está de pé, embora tentando escapar do pior tipo de armadilha na vida pública: a do fogo-amigo.
Também recai sobre ele boa parcela da responsabilidade em tornar a administração Marcos Rocha um braço municipalista, trazendo para perto as 52 cidades do estado.
O forte elo criado por Júnior Gonçalves com prefeitos, vereadores, deputados e senadores deu a ele status de o “homem mais forte” a gestão Marcos Rocha, passando, assim, a preservar também a “maior vidraça” de todas.
A ironia reside no fato de ele jamais ter sequer “balançado” até agora. Isto, superando as críticas mais banais, como o modo de viver e se vestir; passando por uma “peneira” em sua vida profissional; lidando com acusações infundadas; interpelando traidores políticos; e agora, quando tudo se encaminha à fluência máxima em termos administrativos, é justamente a “adaga” dos aliados que percorre seu “pescoço”.
E os amigos, ou, melhor dizendo, os “muy amigos”, podem ser, no fim, o fiel da balança quando o assunto for, finalmente, depois de tanto insistirem, tirar Júnior Gonçalves do Poder.
E falando em desequilíbrio, é bem óbvio: a retirada da fundação colapsa a estrutura inteira. No caso da metáfora, cabe ao “engenheiro” Marcos Rocha assinar o início da sua autoimplosão ou não.