Publicada em 25/05/2023 às 10h58
Lukashenko respondia aos comentários feitos na quarta-feira por um alto funcionário polaco, que alertou para a possível preparação, para breve, de uma "revolta" na Bielorrússia.
"Infelizmente, não prestam atenção às minhas palavras. Provavelmente, sabem o que eu disse há meses (...). Há muito tempo que o sabemos e estamos a preparar-nos para isso", afirmou Lukashenko, citado pela agência noticiosa estatal Belta.
A este respeito, o líder bielorrusso assegurou que as autoridades "estão a seguir o rasto" dos potenciais instigadores.
"Sabemos de facto quem são, sabemos onde estão e sabemos os seus nomes. Estamos prontos. Deixem-nos entrar", desafiou Lukashenko.
Na quarta-feira, o vice-ministro da Defesa polaco, general Waldemar Skrzypczak, alertou para a possibilidade de uma "revolta" iminente na Bielorrússia e sublinhou a importância de "estar preparado".
Numa entrevista ao canal de televisão Polsat, Skrzypczak, antigo comandante das Forças Armadas polacas, afirmou que poderá haver uma "revolta" contra o Presidente bielorrusso, com a "entusiástica intenção de derrubar" o regime de Lukashenko, e que a comunidade internacional "deve ajudá-los, tal como está a fazer com a Ucrânia".
As declarações de Lukashenko foram proferidas no mesmo dia em que a Rússia e a Bielorrússia assinaram um acordo para formalizar os procedimentos para o envio e instalação de armas nucleares táticas em território bielorrusso, mantendo-se, porém, o controlo do armamento em Moscovo.
Tanto os responsáveis russos como os bielorrussos consideram que a medida é motivada pela hostilidade do Ocidente.
"A instalação de armas nucleares não estratégicas é uma resposta eficaz à política agressiva de países hostis" à Rússia e à Bielorrússia, disse o ministro da Defesa bielorrusso, Viktor Khrenin, em Minsk, durante uma reunião com o homólogo russo, Serguei Shoigu.
"No contexto de uma escalada extremamente acentuada das ameaças nas fronteiras ocidentais da Rússia e da Bielorrússia, foi tomada a decisão de adotar contramedidas na esfera militar-nuclear", acrescentou Shoigu.
Não foi anunciado qualquer pormenor sobre a data em que as armas serão instaladas na Bielorrússia, mas Putin já indicou que a construção de instalações de armazenamento para armas nucleares táticas na Bielorrússia estaria concluída até 01 de julho.
A decisão foi já criticada pela líder da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaya.
"Temos de fazer tudo para impedir o plano de Putin de instalar armas nucleares na Bielorrússia, uma vez que isso garantirá o controlo da Rússia sobre a Bielorrússia nos próximos anos", disse Tikhanovskaya à agência noticiosa Associated Press (AP).
"Isso colocará ainda mais em risco a segurança da Ucrânia e de toda a Europa", acrescentou.