Publicada em 05/05/2023 às 16h04
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência das Nações Unidas especializada em meteorologia, climatologia e hidrologia, lançou um alerta em seu site na quarta-feira (3), estimando em 60% as chances de que o fenômeno climático El Niño ocorra até o fim de julho e 80%, até setembro.
Em entrevista coletiva na sede da organização, em Genebra na Suíça, o chefe da divisão regional de serviços de previsão climática da OMM, Wilfran Moufouma, advertiu que a volta do "menino", que andava sumido desde 2019, "mudará os padrões climáticos e meteorológicos em todo o mundo".
A forte probabilidade de retorno do tórrido El Niño coincide com um momento de relativa calmaria, visto que o La Niña, fenômeno análogo, mas oposto, terminou sua longa passagem pelo Pacífico tropical, deixando aquela porção do oceano em estado ENSO-neutro (o que significa nem El Niño nem La Niña).
Por que o El Niño está retornando?
O El Niño é um fenômeno climático que ocorre naturalmente na região do Oceano Pacífico tropical, onde as águas da superfície aquecem acima do normal e se deslocam para leste, afetando todos os parâmetros mundiais. O aquecimento ocorre geralmente em cada dois a sete anos e dura entre alguns meses a mais de um ano.
No entanto, explica em comunicado o chefe da OMM, Petteri Taalas, o mundo vem sendo atingido, desde 2020, por um La Niña excepcionalmente longo que, ao terminar no início deste ano, estabilizou as condições do Pacífico tropical.
Ou seja, La Niña "atuou como um freio temporário ao aumento da temperatura global", resume Taalas, embora reconheça que os últimos oito anos foram os mais quentes já registrados no planeta.
Embora não seja possível prever a força ou a duração do próximo El Niño, explica o secretário da OMM, a sua plena manifestação "provavelmente levará a um novo pico no aquecimento global e aumentará a chance de quebrar recordes de temperatura".
Um dos efeitos imediatos do fenômeno climático é o aumento das chuvas em regiões do sul da América do Sul, sul dos Estados Unidos, Chifre da África e Ásia central, contrastando com secas severas na Austrália, Indonésia e partes do sul da Ásia.
As águas quentes do El Niño durante o verão no hemisfério norte podem fomentar o surgimento de furacões no centro e no leste do Oceano Pacífico, o que demanda monitoramento pelos serviços meteorológicos nacionais.