Publicada em 23/05/2023 às 15h37
Em 14 de maio, o Ciclone Mocha atingiu Myanmar e o vizinho Bangladesh com chuvas torrenciais e ventos de 195 quilômetros por hora, derrubando prédios e transformando as ruas em rios.
A junta militar no poder em Naipyidó divulgou um balanço de 148 mortos, a maioria pertencente à minoria muçulmana rohingya perseguida no oeste do país, no estado de Rakhine.
O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU anunciou hoje que está lançando um apelo para arrecadar fundos no valor de 309 milhões de euros para ajudar a fornecer abrigo, instalações médicas, alimentos e água potável antes da temporada de chuvas.
"Estamos correndo contra o tempo para fornecer abrigo seguro a todas as comunidades afetadas e impedir a propagação de doenças", declarou o coordenador humanitário Ramanathan Balakrishnan em comunicado.
Mais de 185 milhões de euros serão retirados do plano global de ajuda humanitária a Myanmar deste ano, de acordo com o comunicado.
A ONU espera obter em breve autorização para enviar ajuda de emergência às comunidades do estado de Rakhine, afirmou Balakrishnan mais tarde à imprensa.
Esse estado abriga milhares de rohingyas em campos, vítimas de tentativas de assassinato, estupros e incêndios criminosos, que fugiram da repressão militar iniciada pela junta no poder em 2017.
No Bangladesh, autoridades informaram que não houve mortes no ciclone que passou perto dos campos de refugiados que atualmente abrigam quase um milhão de rohingyas.
Questionado pela agência de notícias francesa AFP se as agências especializadas da ONU teriam acesso aos campos de refugiados, um porta-voz da junta militar não deu resposta.
Em maio de 2008, o ciclone Nargis deixou pelo menos 138.000 mortos ou desaparecidos em Myanmar, sendo a pior catástrofe natural da história do país.
A forma como a junta na época reagiu à catástrofe foi criticada pela comunidade internacional, que a acusou de bloquear a ajuda de emergência.