Publicada em 02/05/2023 às 15h22
Uma operação do navio Weishanhu, da Marinha do Exército de Libertação Popular da China, resgatou um segundo grupo de fugitivos do Sudão para o porto de Jeddah, na Arábia Saudita, no último fim de semana. Entre os socorridos, estão seis brasileiros, todos membros da mesma família. A informação foi divulgada pela rede estatal chinesa CCTV na segunda-feira (1º/5).
A embarcação retirou 493 cidadãos do país em conflito. Entre eles, há 272 chineses e 221 estrangeiros – a maioria, paquistaneses.
No site do telejornal da rede chinesa, é possível ler o relato de alguns dos brasileiros resgatados no navio, que tiveram a identidade preservada.
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“A Marinha chinesa não só arranjou quartos para nós, mas nos perguntou o que gostaríamos de comer, quais restrições [religiosas] tínhamos e de que ajuda precisávamos. Estamos emocionados e agradecemos muito à Marinha chinesa”, afirma o depoimento.
A porta-voz Hua Chunying, ministra-assistente do exterior da China, tem feito questão de destacar os resgates de cidadãos em seus discursos, enquanto os Estados Unidos ressaltam a evacuação de diplomatas e militares.
Em nota publicada em 21 de abril, o Ministério de Relações Exteriores (MRE) afirmou estar “em contato com os 21 brasileiros que se encontram no Sudão e com seus familiares no Brasil, de modo a prestar toda a assistência possível aos nacionais”.
“O governo brasileiro tem mantido coordenação com outros países que também têm cidadãos em território sudanês sobre ações coordenadas de evacuação, a serem implementadas tão logo as condições de segurança permitam”, acrescentou a pasta.
Questionado sobre o contato com a família resgatada no fim da última semana, o Itamaraty ainda não havia retornado o contato da reportagem até a última atualização.
Guerra deixa 100 mil refugiados
Desde o dia 15 de abril, o Sudão passa por uma escalada de violência durante embate de duas forças militares do país, que discordam sobre os caminhos da retomada do poder civil.
O conflito já soma, pelo menos, 528 civis mortos e quase 4,6 mil feridos, de acordo com informações oficiais do Sudão. A Organização das Nações Unidas estima que mais de 100 mil refugiados já deixaram o país e procuram abrigo em cidades situadas em Chade, Egito, Sudão do Sul e República Centro-Africana.
Em 2019, Abdel Fattah al-Burhan, chefe do Conselho Soberano do governo de transição do Sudão, e Mohamed Hamdan Dagalo, vice-chefe do mesmo órgão, uniram forças para libertar o país do autocrata islâmico Omar al-Bashir. Dois anos depois, porém, um golpe militar desencadeou uma crise político-econômica na região, e os dois líderes divergem sobre as formas de resolução do problema.