Publicada em 04/05/2023 às 14h55
Porto Velho, RO – Eni Alves Rocha, representante da Ilha das Flores, já participou de outras sessões da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Reservas, formalizada para investigar eventuais irregularidade nos decretos deixados pelo ex-governador Confúcio Moura, do MDB, hoje senador da República.
Entretanto, na última quarta-feira (03), ao abordar o assunto contando aos presentes e à população sobre as consequências do ato promovido pelo emedebista, passou por emoções de revolta, humilhação, desespero, pedidos de socorro e choro copioso. Antes, no dia 20 de abril, ela já havia entoado pronunciamento em tom indignado em relação a Moura e suas deliberações administrativas. Seu discurso foi publicado na íntegra no Diário Oficial da Assembleia (ALE/RO) no dia 27 de abril.
Ela disse, à época:
“Esse governador [refere-se a Confúcio] que, Deus que me perdoe, eu não quero nem olhar na cara dele, porque é um irresponsável fazer um papel desse. Na saída dele, ele dá essa surpresa para a população, para os trabalhadores. Foi um cara covarde, sabe? Muito covarde fazer uma coisa dessas, criar 11 reservas, e agora para poder desafetar essa reserva, uma dessas reservas aí, criou lá a Ilha das Flores. Quer dizer, desarruma um negócio, desarruma o outro. E aí, como é que nós vamos fazer com essas 11 reservas?”, indagou:
E prosseguiu:
“Afinal, o que o Estado está querendo em criar reserva em Rondônia? Rondônia já é pequenininho, já tem reserva para caramba. Daqui a pouquinho, o que vai ser da nossa vida? Tanta gente trabalhadora aqui em Rondônia. Gente, eu nunca vi um lugar de gente trabalhadora que nem tem em Rondônia, sabe? Enquanto São Paulo, Rio de Janeiro estão lá com a bandidagem dos infernos, só bandido, só bandido. Aqui em Rondônia nós estamos brigando para trabalhar. Nós estamos querendo trabalhar. E esse infeliz cria 11 reservas do Estado de Rondônia. Que covardia, hein?!”, anotou.
E encerrou:
“Gente, vocês têm noção, depois que eu vi na televisão que a minha terra, que a terra da nossa região toda virou a ser reserva? Gente, quem é que dorme com uma coisa dessas? Você passar a vida inteira para conseguir uma área de terra, os infelizes jogam uma reserva em cima da sua terra sem mais nem menos. Gente, eu chorei demais. Eu fiquei um bagaço, mais de 60 dias chorando depressiva. Eu fiquei, assim, em uma situação que eu não podia sair na rua. Eu tive vergonha dos meus filhos, eu tive vergonha dos meus pais, porque eu estava em uma situação daquela. É uma humilhação para uma pessoa trabalhadora que nem eu, trabalhei minha vida inteira”, concluiu Eni Alves.
Dias depois, já na sessão de ontem, a trabalhadora também falou sobre as sequelas experenciadas por moradores das regiões afetadas que não podem protestar até mesmo por falta de recursos.
O DESABAFO DE ENI ALVES ROCHA