Publicada em 17/06/2023 às 10h10
Rondônia é um Estado com pouco mais de 40 anos de emancipação político-administrativa, tem terras férteis e produtivas o ano todo, porque aqui não tem geadas, frio, favorecendo o plantio de grãos (soja, milho, café) e a criação de gado, hoje entre os cinco maiores do País, e um dos poucos livre de febre aftosa sem vacinação favorecendo as exportações. Faltam políticos mais atuantes no Congresso Nacional (Senado e Câmara Federal), para que Rondônia, uma das poucas fronteiras econômicas do País possa engrenar de vez no agronegócio e ampliar espaço na economia nacional.
A falta de mais –e melhores– condições para o transporte da produção de grãos é um dos graves problemas, que atrapalha um melhor desempenho na economia. Durante o período de safras, circulam em média 2,5 mil carretas, bitrens e treminhões//dia pela precária e obsoleta BR 364 transportando soja, milho e café produzidos no Estado e também de parte do Mato Grosso, para o porto graneleiro de Porto Velho. Não estão contabilizados os veículos de passeio.
A precariedade da BR 364, no trecho entre Porto Velho a Vilhena, na divisa com o Mato Grosso com cerca de 700 quilômetros construída na década de 80, não tem condições técnicas para suportar o volume de tráfego e de peso dos veículos modernos de hoje, que chegam a transportar mais de 50 toneladas. O trecho citado é chamado de “Corredor da Morte”, pelo elevado volume de acidentes, a maior parte deles com óbitos, enlutando famílias.
Todos os anos no período de verão amazônico (meses praticamente sem chuvas) o trecho da 364, principal rodovia federal de Rondônia recebe serviços de tapa-buracos, que “engordam” as bolsas das empreiteiras, mas bastam dois meses de inverno amazônico (chuvas praticamente todos os dias), para que a buraqueira volte favorecendo os acidentes. E os nossos “zelosos” políticos federais, pouco ou quase nada fazem para que a rodovia seja restaurada e posteriormente duplicada, pois o volume de tráfego exige isso.
Rondônia tem, a exemplo dos demais estados e do Distrito Federal três senadores. Na Câmara Federal, porque é um Estado, ainda, em desenvolvimento, com cerca de 1,2 milhão de eleitores tem somente oito deputados federais, que poderiam trabalhar um pouco mais na restauração da BR 364, já que não temos condições de contar com ferrovias.
Para que o leitor fique ciente, a bancada na Câmara Federal depende do colégio eleitoral de cada Estado. O paraná, por exemplo, tem mais de 8,4 milhões de eleitores e 30 deputados federais.
Além do transporte precário da produção agropecuária de Rondônia, que pertence a Amazônia Legal, o Estado tem outro sério problema, que precisa urgentemente de ações políticas, não somente do governo do Estado, mas da bancada federal, que é a regularização fundiária. No início da colonização do Estado os pioneiros foram convocados com o chamamento para desbravamento tendo como “chavão”, “venha integrar para não entregar”.
O povo de várias partes do país, mais do Sul, veio, enfrentou malária e os desafios da Floresta Amazônica. Muitas famílias não conseguiram sucesso, porque seus membros ficaram pelo meio do caminho perderam a vida, a maioria contaminada pela malária.
Um sério e grave problema de Rondônia é a regularização fundiária. Essas famílias foram convocadas, vieram enfrentar a Floresta Amazônica, muitos conseguiram sucesso, mas até hoje não legalizaram suas propriedades, por incompetência ou omissão dos políticos e agora, com o novo governo federal, poderão perder a terra, que desbravou com suor e dor atendendo um chamamento público do governo, da época, com todas as benfeitorias, que construiu ao longo do tempo, além de a produção.
No próximo dia 30 o deputado estadual Alex Redano (Republicanos-Ariquemes) estará presidindo Audiência Pública na Assembleia Legislativa (Ale), para tratar de assuntos relacionados ao meio ambiente com participação de representantes do Ibama, Incra e de outros órgãos ou entidades ligadas ao segmento, além de produtores rurais, membros de sindicatos rurais e dos trabalhadores, e principalmente dos senadores, deputados federais e deputados estaduais. Governador, prefeitos e vereadores também devem participar.
O problema é grave, envolve milhares de pessoas, que participaram da abertura do Estado de Rondônia no desbravamento, e não podem perder tudo o que conquistaram, inclusive, na época, desafiando a morte, sem estradas e utilizando picadas no meio da mata. Os políticos e representantes de órgãos federais devem ser convocados, publicamente, para que a população saiba quem realmente está preocupado com a situação das famílias de desbravadores que agora, estão na iminência de perderem tudo o que conquistaram, por incompetência, desleixo ou mesmo ignorância da nossa bancada federal.