Publicada em 14/06/2023 às 10h00
Por Larina Rosa*
Porto Velho, RO – Quem nunca saiu sozinha ou foi em um encontro e sentiu vulnerável na presença de um homem, com medo de não conseguir voltar para casa, longe do risco de assédio, abuso ou até estupro? É terrível admitir, mas creio que todas nós já nos sentimos assim pelo menos uma vez na vida. A boa notícia é que temos um código para pedir ajuda.
Caso esteja em algum bar ou boate em Porto Velho e se sentiu desconfortável com alguma conduta abusiva, comportamento ou atos que ferem sua integridade e não está se sentindo segura, você pode perguntar para os funcionários sobre “Aline”. Essa palavra-chave é o bastante para os colaboradores se mobilizarem pela sua segurança no local e na volta para casa.
A ideia do projeto veio da secretária-geral da OAB-RO, Aline Silva, que apresentou ao vereador propositor (Gilber). Em março o projeto “Pergunte por Aline” foi aprovado na Câmara de Vereadores e sancionado pelo prefeito Hildon Chaves, como um protocolo de segurança que deve ser instituído pelas casas noturnas de Porto Velho.
A partir daí a OAB começou os treinamentos dos colaboradores das casas noturnas com orientações sobre as ações de segurança que devem ser tomadas discretamente para ajudar mulheres em caso de assédio. Hoje vários estabelecimentos da Capital possuem uma certificação do local para proteger mulheres desse perigo.
Os estabelecimentos noturnos que têm interesse em participar da campanha podem entrar em contato com a OAB, solicitar o agendamento do treinamento. Durante o treinamento é repassado orientação sobre o procedimento, o que deve ser feito em caso de alguém pedir ajuda.
Se os colaboradores perceberem que uma mulher está em situação de vulnerabilidade. Na orientação, a mulher pode chegar e perguntar: "A Aline está aí?" "Quero falar com a Aline". "Me traz o drinque Aline". Qualquer pedido que envolva o nome Aline é um alerta.
A medida é simples e eficaz na segurança de uma mulher que vive no segundo estado com o maior índice de feminicídio do país. Essa é a importância das mulheres em posições de destaque, é nesses lugares que lutamos para acabar com nossas dificuldades e de outras. Parabéns Aline pelo projeto e apoio da OAB em executá-lo.
Espero que os outros órgãos e autoridades também se movimentem para diminuir as mazelas do machismo que vem matando nossas mulheres e nos deixando desprotegidas. E que as demais casas noturnas participem da campanha e ajude a combater esse problema de saúde pública que temos impregnado aqui. E que nos habituamos o quanto antes a pensar que não tem nada de errado em conhecer gente nova ou tentar um novo relacionamento, o que não podemos mais é morrer ou sofrer por isso.
Enquanto o respeito pela mulher ainda não chega por aqui precisaremos desses tipos de campanhas para salvar nossas vidas. Até lá podemos chamar e contar com a Aline e uma com as outras.
*Jornalista rondoniense que acredita na luta contra a violência de gênero e igualdade de direito das mulheres