Publicada em 07/06/2023 às 11h15
Porto Velho, RO – Após ser “massacrado” nas urnas tanto no primeiro quanto no segundo turno das eleições em 2022, o senador da República Marcos Rogério, do PL, pediu licença de suas funções ainda em dezembro daquele ano.
No seu lugar entrou o suplente Samuel Araújo, do PSD, exercendo o ofício de modo temporário. No interim, Araújo optou pela discrição, diferentemente do espalhafatoso Rogério.
Lado outro, o mais bolsonaristas dos políticos rondonienses recolheu-se inclusive no quesito rede social, onde costumava bradar contra os ditos impropérios da esquerda.
De lá para cá, levando em conta só o Facebook, limitou-se a veicular mensagens de Natal; notas de Pesar e exaltar Jair Bolsonaro, seu correligionário – óbvio –, especialmente no retorno do ex-regente do Planalto ao Brasil.
E muita água rolou debaixo da ponte para que ele tivesse a chance de apresentar seu parecer pessoal a respeito. Ao menos neste ponto ficou claro que Rogério preservou a distância entre seu entendimento pessoal das coisas e a figura política que poderia atrapalhar a condução do mandato por parte de Samuel Araújo enquanto membro do Senado Federal.
Marcos Rogério não teve opinião sobre o 8 de Janeiro; nem a respeito do Marco Temporal; nem sobre a vinda de Nicolás Maduro ao Brasil; nem tocou no assunto arcabouço fiscal; muito menos a respeito da reforma ministerial proposta pelo PT; nem sobre a cassação Deltan Dallagnol; e nem abordou os custos das viagens de Lula ao exterior.
Evitou também falar sobre as CPMIs instauradas.
Zero.
Foi a oportunidade perfeita para o político de Ji-Paraná sair um pouco de cena, porque apesar de tornar-se um líder excepcional na visão da bolha mais à extrema-direita, seus discursos exagerados também contribuíram às suas derrotas para o atual governador de Rondônia Marcos Rocha, do União Brasil.
Quanto mais radicalizada a prosa, mais nichado fica o postulante. E foi esse o caminho que Rogério decidiu trilhar ao abrir mão de uma personalidade política autêntica para se escorar à sombra do bolsonarismo, guarida que muito provavelmente tentará preservar em seu retorno.
Seu substituto seguiu com perfil parecido: ou seja, mesmo transformando-se em pessoa pública ao assumir o mister, Samuel Araújo não quis saber de “bola dividida” e ficou “na miúda”, especialmente acerca de pautas polêmicas.
No dia que resolveu tirar a “cabeça do casco”, apoiou a chapa dissidente à Presidência da Senado, encabeçada por Rogério Marinho, do PL do Rio Grande do Norte.
Foi derrotado no intento. Depois, sossegou. E foi isso.
Enfim, Marcos Rogério, o caricato representante rondoniense na CPI da COVID-19 – aquivalente a um Coronel Chrisóstomo, do PL, na Câmara dos Deputados –, está voltando, e mais bolsonaristas do que nunca. Com certeza também de olho nas próximas eleições, tanto dele próprio quanto de aliados.
E é isso que a população deve esperar do congressista mono-pauta: muita ideologia, pouco retorno prático ao Estado de Rondônia, levando em conta sua biografia como homem público até agora.
Entretanto, pelo bem da sociedade, é muito melhor desejar e esperar que seja mais proativo e bem menos verborrágico.