Publicada em 17/06/2023 às 09h01
Porto Velho, RO – O histórico de Marcos Rogério, do PL, na política de Rondônia não corrobora para suscitar grandes surpresas no seu discurso de reestreia. Após um hiato de meio ano, ele regressa ao ofício “pisando em ovos”, sabendo, de antemão, que 2023 não será tão promissor à sua sanha verborrágica quanto o ano passado.
Na época em que se postava como “herói” da gestão Jair Bolsonaro – hoje seu correligionário –, especialmente durante os trabalhos da CPI da COVID-19, fazia aparições rotineiras na imprensa nacional, especialmente em emissoras que não escondiam suas predileções mais à direita, e, consequentemente, à situação [da ocasião], como a Jovem Pan, por exemplo.
Esse excesso de holofotes foi extremamente tóxico à figura pública já reconhecida em termos locais pelo excesso de vaidade. E vaidoso, escolheu dar um passo maior do que a perna, assim como Mariana Carvalho, do Republicanos, porém o último caso é assunto para outro artigo.
Se sentindo ancho demais em relação aos outros concorrentes, postou-se diante do eleitorado para concorrer ao cargo de chefe do Executivo estadual.
E “apanhou” duas vezes do ainda regente do Palácio Rio Madeira, Coronel Marcos Rocha, hoje no União Brasil, levado à lona tanto no primeiro quanto no segundo turno da contenda eletiva.
Com essa valiosa lição de humildade sentida no lombo, refletiu sua trajetória nos seis meses de afastamento onde deixara o suplente, Samuel Araújo, do PSD, na condução do cargo, temporariamente.
E a modéstia absorvida é facilmente detectada na prosa de retorno, transcrita integralmente pelo Rondônia Dinâmica na última quarta-feira (14).
No trecho mais sintomático, ele sacramenta:
“Espero, senhor presidente, e torço para que o governo Lula dê certo. Não torço para que dê errado. Espero que o governo cumpra pelo menos em parte as muitas promessas feitas durante a campanha de 2022”.
Finalmente entendeu que só a conversa fiada não leva a lugar algum, e serve apenas a personalidades “excêntricas”, para não dizer jocosas, e razoavelmente folclóricas, como o deputado federal Coronel Chrisóstomo, também do PL.
Chrisóstomo acredita piamente que berrar de maneira escandalosa recheado de afetação histriônica, ameaçar o ministro de Justiça e Segurança Pública e ofendê-lo por ser... gordo, enfim, renderá dividendo eternos.
É uma meia-verdade. A quem se acostumou a ser parlamentar de “curral”, de “bolha”, existe sim a possibilidade de se perpetuar no Poder sem apresentar uma única proposta sequer, apenas fomentando a ignorância no coração de sua plateia.
Marcos Rogério, lado outro, percebeu que para os aspirantes a carreiras ascendentes, como ele, não basta a própria plateia.
É preciso transitar com fluidez lá e cá. Outro aprendizado que ele fez questão de relatar publicamente no trecho em que fala o seguinte:
“E esse Brasil é o Brasil de todos os brasileiros. Não é o Brasil da esquerda, nem o Brasil da direita, é o Brasil dos brasileiros”.
E entre um Chrisóstomo radicalizado e um Marcos Rogério moderado, há um Jaime Bagattoli, em stand-by, também mesmo do mesmo partido, prontíssimo para assumir a massa órfã de um bolsonarismo menos ensandecido e ainda mais representativo.
Nessa mudança postural de Rogério, o pecuarista deve cair no colo e nas graças dos adeptos do ex-presidente do País.
E se é do tipo que aprende com os erros dos outros, basta ao novo congressista analisar as ocorrências do pleito passado para nortear.