Publicada em 01/06/2023 às 10h41
Porto Velho, RO – A bancada federal de Rondônia está cem por cento fechada com a direita brasileira, indubitavelmente. Alguns não exatamente "arrastando asa" para o lado do ex-presidente, porém, ainda assim, de maneira unânime, fechando as questões com o lado destro entre os espectros. Prova disso foi a votação que aprovou o texto-base do marco temporal, onde os oito representantes rondonienses na Câmara dos Deputados votaram sim.
Coronel Chrisóstomo (PL), Sílvia Cristina (PL), Thiago Flores (MDB), Maurício Carvalho (União Brasil), Lúcio Mosquini (MDB), Cristiane Lopes (União Brasil), Fernando Máximo (União Brasil) e Lebrão (União Brasil) se postaram de maneira favorável à demanda, que, segundo o Ministério Público Federal (MPF), consolida uma violência legal contra os povos indígenas.
E este é só um exemplo.
Lado outro, a despeito de jogar todo mundo no mesmo time, existe a disputa interna, aquela que não é explícita, deflagrada intimamente em postura, ações e discursos. Fernando Máximo, por exemplo, vem se comportando de maneira cada vez mais "bolsonarista", com nítida intenção de preservar e aumentar seu ciclo de adeptos. Disparado o mais votado de 2022, Máximo parece não se contentar com pouco.
A despeito do aliado Marcos Rocha, seu correligionário, já ter declarado "amor" e "bençãos" à eventual postulação de Mariana Carvalho, derrotada no ano passado, o parlamentar se esgueira para ter vez na próxima contenda eleitoral na Capital. Ao mesmo tempo que se firma cada vez mais como representante do antigo morador do Alvorada, como tenta fazer desesperadamente o pecuarista Jaime Bagattoli, do PL, emulando parcialmente o comportamento de Marcos Rogério, seu colega de legenda, embora falhando miseravelmente, Máximo vai jogando Chrisóstomo "para escanteio".
Em vez de apostar em esperneios, berros e histeria, o médico compreendeu que nutrir "totens" pode ser muito mais frutífero na hora de colher os louros junto à população, que, regionalmente, está mais de 70% disposta a andar pelos mesmos caminhos que ele. Por isso, a "touquinha" na cabeça 24 horas não é de graça. Dá o tom de "herói"; o talhador da saúde; o uniforme da garra, perseverança, humildade e daí por diante. Além da indumentária, o ex-secretário de Saúde do Estado prefere alardear seus feitos de outra maneira, mais performática, digamos assim, intimista, direcionada a um público "X", e, em contrapartida, por não ser tão beligerante quanto o militar, evita problemas desnecessários.
Chrisóstomo enfrenta agora uma representação por quebra de decoro parlamentar protocolada pelo advogado Caetano Vendimiatti Netto, que deseja a cassação do deputado por quebra de decoro parlamentar. Isto porque na visão do causídico houve excessos na manifestação em que o deputado ofendeu e ameaçou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, usando o Púlpito da Câmara Federal. Enquanto um dá chilique e acaba afastando até a ala mais racional da direita; o outro foca.
Alheio a guerras, e direcionado mais à própria turma, Máximo, por sua vez, e como já mencionado, dá passos mais longos para prosperar no Poder. E aí não é só Chrisóstomo quem deve se preocupar por perder o posto nos afagos a Bolsonaro, mas também Mariana, que já vem de um pesado revés, situando-a à própria realidade e à limitação eleitoral à qual desconhecia.