Publicada em 05/06/2023 às 14h24
O presidente francês Emmanuel Macron recebeu, no domingo (4/6), o líder indígena Raoni Metuktire, o cacique Raoni, no Palácio do Eliseu, sede do governo em Paris. O encontro ocorreu em meio a uma série de derrotas ambientalistas no Brasil, entre elas a aprovação do Projeto de Lei do Marco Temporal na Câmara dos Deputados e o esvaziamento do Ministério do Meio Ambiente e dos Povos Originários.
Nas redes sociais, Macron reforçou o compromisso pela defesa dos direitos indígenas e aproveitou para lembrar da realização da Cúpula de Paris para um Novo Pacto Financeiro Global, programada para ocorrer em 18 dias na capital francesa. O evento discutirá novas medidas de financiamento contra a pobreza e de proteção da natureza, sob o pretexto de reverter as consequências das mudanças climáticas.
“Preservar as florestas tropicais, fazer valer os direitos dos povos indígenas, e toda a sua vida, sua luta pela humanidade. Ouvindo o cacique Raoni, 18 dias antes da Cúpula de Paris para um novo pacto financeiro global que o mundo precisa”, escreveu Macron.
Cacique Raoni é conhecido internacionalmente por representar os interesses ambientalistas e de povos originários em encontros com organismos internacionais. O líder também foi o responsável por representar a população indígena do Brasil na cerimônia de posse de Lula, ao subir a rampa ao lado do novo líder do Executivo na passagem de faixa.
O encontro com Macron ocorreu durante viagem de comitiva liderada por Raoni que já passou por países como Portugal, Alemanha, Suíça, Bélgica e França. A parada no próximo destino, a Austrália, foi adiada após aprovação do PL 490 na Câmara dos Deputados, responsável por instituir a tese do Marco Temporal.
Para as lideranças indígenas, a adoção do marco prejudicará o processo de demarcação de terras indígenas que estão em trânsito e dificultará o reconhecimento de novas TIs no futuro. Após aprovação da Câmara, o projeto segue para avaliação do Senado.
A mesma tese será objeto de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 7 de junho. Até lá, lideranças da bancada ruralista do Congresso Nacional têm tentado se adiantar no caso para evitar a negação do marco pela corte.