Publicada em 16/06/2023 às 14h51
No balanço apresentado pelo chefe da Minusma, El Ghasim Wane, ao secretário-geral da ONU em Nova York, a missão da ONU no país aponta para uma certa "diminuição da violência" durante o período avaliado - de 22 de julho de 2022 a 23 de maio deste ano - em comparação com o último relatório anual.
Essa diminuição se deve a "um aumento das operações militares e a uma mudança de tática por parte dos grupos extremistas" que atuam no país.
O Mali e os demais países do Sahel registraram um recrudescimento da violência nos últimos anos, tanto por parte de grupos ligados às organizações terroristas Al-Qaeda e Estado Islâmico que operam na região, quanto devido à violência intercomunitária.
Além disso, os abusos cometidos pelas forças de segurança contribuíram para o aumento das fileiras desses grupos.
Em comparação, a ONU estimou no ano passado que 1.556 civis morreram e 530 ficaram feridos durante o período entre 1º de julho de 2021 e 30 de junho de 2022.
No entanto, a ONU alerta que a situação humanitária no país se agravou progressivamente nos últimos 12 meses, atingindo um nível "alarmante".
As organizações humanitárias que trabalham no âmbito do plano de resposta humanitária coordenado pela ONU estimaram que, até 2023, 8,8 milhões de pessoas precisarão de assistência e proteção humanitária no país, um aumento de 17% em relação ao ano anterior, especialmente nas regiões de Mopti, Timbuktu, Gao, Kidal e Ménaka.
A violência no Mali resultou, na última contagem em abril deste ano, em um total de 375.539 deslocados internos, representando uma redução de 8,9% em relação ao número de 412.387 registrado em dezembro de 2022.
As regiões centrais do país, como Bandiagara, Douentza, Mopti, San e Ségou, são as mais afetadas por essa situação, com um total de 208.210 deslocados (55%). As outras 151.384 pessoas deslocadas (40%) estão registradas nas regiões de Gao, Kidal, Ménaka e Timbuktu.
A Minusma destaca as enormes dificuldades enfrentadas no último ano devido às "tensões" com as atuais autoridades golpistas lideradas pelo autoproclamado "presidente interino" do país, coronel Assimi Goita, o que resultou em uma "redução considerável" na mobilidade dos capacetes azuis e dificuldades "em relação a certas tarefas, como investigações sobre direitos humanos".