Publicada em 28/06/2023 às 09h25
Porto Velho, RO – O senador de Rondônia Marcos Rogério, do PL, acabou de voltar às suas funções como congressista após praticamente meio ano de afastamento por questões de problemas de saúde envoltos à sua família.
Assim que regressou ao ofício, conseguiu substituir o colega Marcos do Val, do Podemos do Espírito Santo, como membro da CPMI do 8 de Janeiro, que investiga a responsabilidade dos fatos ocorridos em Brasília na data.
Suas primeiras colocações foram no sentido de tentar desenlaçar a visão oficial dos acontecimentos, que rumam à tentativa de golpe de Estado, deflagrada por manifestantes bolsonaristas descontentes com o resultado das eleições de 2022. Isto, após Lula, do PT, vence Jair Bolsonaro, do PL, nos dois turnos do pleito.
Em Rondônia, para se ter ideia, sete pessoas que orquestraram atos antidemocráticos foram condenadas à cadeia por movimentações armadas, supressão de rodovia, causar desabastecimento na cidade, fechar comércio alheio, e causar temor na população em Colorado d’Oeste.
O Rondônia Dinâmica veiculou reportagem a respeito na última terça-feira, 27.
Já sobre o 8 de Janeiro, em Brasília, Marcos Rogério entende que não houve tentativa de golpe.
“Quando entrei na CPMI, deixei claro que eu não estaria ali para defender quem cometeu crime, eu defenderia inocentes. Não vejo a mesma coerência da base do governo. O que temos são dois pesos e duas medidas”, disse.
Em outra veiculação, o político de Ji-Paraná anota:
“Golpe? O que vemos na CPMI de 8 de Janeiro é uma tentativa desesperada do governo de vender a sua versão sobre o que ocorreu no dia. A oposição busca a investigação, enquanto a base do governo trabalha com a sua versão dos fatos. Seguimos com as narrativas de sempre”, acrescenta.
Na penúltima publicação em seu Facebook, sacramentou:
“Nós, da oposição, estamos atuando para que a CPMI seja um instrumento para trazer a verdade à tona e para que a justiça prevaleça. Engana-se quem pensa que vamos blindar ou proteger quem tenha cometido crime. Não agimos com esse tipo de expediente”.
“Mais inteligente seria ter usado o seu direito de permanecer em silêncio”, disse o senador após Lawand Júnior negar o teor das mensagens trocadas com Mauro Cid.
O militar, reiteradamente, negou o conteúdo golpista das mensagens trocadas com Cid, tenente-coronel e principal ajudante de ordens de Bolsonaro.
Lawand suscitou na sessão que o termo “dar a ordem”, usado por ele no diálogo, era um pedido para que Bolsonaro se pronunciasse em tom de apaziguar e desmobilizar os acampamentos e bloqueios de estradas após as eleições e não para um golpe de Estado.
“Eu não sei quem lhe orientou, mas, de verdade, o senhor não convence ninguém. O senhor atrofia sua história, apequena sua carreira e tenta impor uma narrativa que não para de pé ao menor esforço. Não sei se vossa senhoria se convence da versão que que está apresentando aqui no dia de hoje”, disse Rogério durante o depoimento.
Marcos Rogério jamais provou a existência dos tais "infiltados de esquerda" no terrorismo praticado em Brasília em dezembro de 2022 / Reprodução
Marcos Rogério e as acusações sem base
Marcos Rogério, ainda em 2022, especificamente no dia 13 de dezembro do ano passado, chegou a dizer que “radicais de esquerda infiltrados nas manifestações” promoveram destruição no Distrito Federal à ocasião, ou seja, um dia antes, 12.
Entre as pessoas que promoveram atentados nas ruas, estavam dois dos três terroristas que, dias depois, tentaram explodir o aeroporto de Brasília, no dia 24 de dezembro.
Um deles, inclusive, foi ouvido na CPMI do 8 de Janeiro.
George Washington Sousa tentou explodir o aeroporto de Brasília, mas também participou de ataques do dia 12,
onde Marcos Rogério apontou "infiltrados de esquerda" / Reprodução
“O empresário George Washington Sousa, que está preso sob a acusação de ter colocado uma bomba ao lado de um caminhão de transporte de combustível próximo ao Aeroporto JK, em Brasília, em 24 de dezembro do ano passado, negou ter participado do atentado. Em depoimento nesta quinta-feira (22) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os ataques de 8 de janeiro, ele respondeu parcialmente às perguntas de deputados e senadores.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
George Washington também negou que seja um terrorista e que tenha escrito uma carta ao então presidente Jair Bolsonaro com teor golpista, cujo texto foi encontrado em seu celular.
Acusado de ter participado também da tentativa de invasão da sede da Polícia Federal, em Brasília, no dia 12 de dezembro – data da diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva –, ele negou que os dois episódios tenham relação com a invasão das sedes dos três poderes uma semana depois da posse de Lula.
“O meu caso não tem nada a ver com o caso do dia 8, que corresponde a essa CPMI”, garantiu”.
Apesar da alegação feita no Twitter, Marcos Rogério jamais apresentou qualquer prova que indicasse infiltrados de esquerda no motim; a mesma coisa vale para os “interessados” do dia 8 de Janeiro, onde ele, reforça, tentam emplacar uma narrativa de de golpe que, na sua visão da história, jamais existiu.